terça-feira, junho 02, 2009

Cabo Verde pesaroso com morte de Luís Cabral

Origem do documento: www.panapress.com, 02 Jun 2009


Praia, Cabo Verde (PANA) - O chefe de Estado cabo-verdiano, Pedro Pires, manifestou profunda mágoa pelo falecimento, sábado em Lisboa (Portugal), do primeiro Presidente da Guiné-Bissau, Luís Cabral, soube a PANA na capital cabo-verdiana de fonte oficial.

Numa declaração lida à imprensa no Palácio Presidencial, na cidade da Praia, Pedro Pires rendeu domingo homenagem ao "combatente da Liberdade, Luís Almeida Cabral", sublinhando que "um destino desejado e assumido ligou-nos para sempre: a luta de libertação da Guiné e Cabo Verde".

O chefe de Estado cabo-verdiano, que vai estar presente terça-feira em Lisboa nas exéquias do antigo Presidente da Guiné-Bissau, recordou que Luís Cabral foi um dos fundadores do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) "naqueles tempos de revolta, de sonho, de incertezas, de sacrifícios e de disponibilidade íntima em apostar e servir a causa da libertação de África e dos nossos países, então, oprimidos e humilhados".

Adiantou que Luís Cabral era uma pessoa de convicção, que acreditava obstinadamente na vitória da causa da luta de libertação da Guiné- Bissau e Cabo Verde.

"Optimista de natureza, confiava nas nossas capacidades em ultrapassar as enormes dificuldades e vencer desafios com que se confrontava numa luta como a que conduzíamos contra o colonialismo, o que finalmente aconteceu", sublinhou.

Luís Cabral, depois de exercer altas funções de direcção no PAIGC durante a luta de libertação, foi eleito Presidente da República da Guiné-Bissau por ocasião da proclamação unilateral da independência, em 1973.

"Com elevado espírito de patriótico, interiorizou a ideia de fazer da Guiné-Bissau um Estado viável e desenvolvido. E, curiosamente, o seu projecto mais ambicionado poderá ver-se concretizado nos tempos próximos, cerca de 30 depois da sua concepção", sintetizou.

Pedro Pires afirmou que o antigo presidente da Guiné-Bissau "terá sido traído pelo seu desejo crédulo de querer avançar depressa demais, subestimando as resistências sociológicas da sociedade guineense", indicando que "cabe aos historiadores a tarefa de análise e esclarecimento desse período fértil da história guineense, carregado de sonhos, mas também, de convulsões e retaliações".

O Presidente cabo-verdiano recordou que após o golpe de Estado de Novembro de 1980 protagonizado por João Bernardo "Nino" Vieira, Luís Cabral foi forçado a viver fora do país para o qual sonhou, lutou e serviu.

"Este facto terá sido a face mais dramática e dolorosa da sua existência. Pois, é aquilo que nunca devia acontecer: forçar um combatente da independência a viver no exílio. São erros ou fatalidades que os dirigentes políticos devem ter a lucidez e generosidade para os corrigir a tempo e hora (...)a", sintetizou.

Na mensagem, Pedro Pires revelou ainda que, conhecendo o estado frágil da sua saúde, manteve nos últimos meses contactos regulares e frequentes com Luís Cabral.

"Desabafou comigo o seu desconforto e repúdio pelas últimas e arrepiantes violências que se verificaram a 2 de Março, em Bissau ( com o duplo assassinato do Presidente Nino Vieira e do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o general Batista Tagmé Na Waié). Era esta a sua forma generosa de estar", acrescentou o Presidente cabo-verdiano.



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