segunda-feira, março 02, 2009

Militares garantem obediência depois de duplo assassínio no país

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 02 Mar 2009


Os militares da Guiné-Bissau garantiram hoje obediência ao poder político, depois de o país ter assistido ao assassínio em menos de 12 horas do chefe das Forças Armadas e do Presidente da República.

Horas depois de confirmada a morte do Presidente da Guiné-Bissau, "Nino" Vieira, assassinado num ataque à sua residência, o Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau garantiu, em comunicado, que vai obedecer ao poder político e às instituições da República e apelou à população para se manter calma e serena.

A casa do chefe de Estado guineense foi atacada na madrugada de hoje por militares das Forças Armadas, poucas horas após o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Tagmé Na Waié, ter morrido num atentado à bomba

O Conselho de Ministros da Guiné-Bissau, reunido de emergência, deliberou instar o procurador-geral da República a criar uma comissão de inquérito para investigar os assassínios.

O Governo guineense deliberou igualmente um período de luto nacional de sete dias

A primeira-dama da Guiné-Bissau, Isabel Vieira, foi colocada em lugar seguro e, segundo informações não oficiais, encontra-se refugiada na embaixada de Angola em Bissau.

Fonte judicial disse, entretanto, à agência Lusa que um grupo de militares assaltou hoje as antigas instalações da Polícia Judiciária da Guiné-Bissau e libertou os soldados detidos por alegada participação no ataque de 23 de Novembro contra o Presidente “Nino” Vieira.

O duplo assassínio em Bissau mereceu a condenação unânime da comunidade internacional, que multiplicou os apelos ao respeito pela ordem constitucional.

O Presidente da República, Cavaco Silva condenou "veementemente" os atentados e apelou às forças militares e políticas que respeitem a "ordem constitucional", enquanto o primeiro-ministro José Sócrates lamentou a morte de "Nino" Vieira e manifestou a disponibilidade do Governo português "para ajudar as autoridades políticas e militares” guineenses a manter a ordem.

No mesmo sentido, o secretário-executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o guineense Domingos Simões Pereira, condenou a morte de "Nino" Vieira, afirmando que o ataque ao chefe de Estado é mais "uma nódoa" num país que procura a estabilidade.

Uma delegação da CPLP, que hoje reuniu de emergência o seu comité de concertação permanente, segue ainda esta tarde para Guiné-Bissau, chefiada pelo secretário de Estado da Cooperação português, João Gomes Cravinho.

O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, pediu o apoio da comunidade internacional para a realização de eleições presidenciais dentro de 60 dias na Guiné-Bissau.

Cabo Verde criou ainda um "gabinete de crise" para acompanhar a situação e preparar uma eventual retirada de cidadãos cabo-verdianos.

Os Estados Unidos condenaram igualmente os assassínios e apelaram à calma.

Numa curta declaração enviada à Agência Lusa na Praia, a Embaixada dos Estados Unidos em Dacar (Senegal), que coordena a supervisão das actividades em Bissau, adianta que Washington está a seguir "atentamente" a evolução dos acontecimentos.

"A Embaixada dos Estados Unidos condena a violência registada na Guiné-Bissau durante o fim-de-semana, com o assassinato do Presidente João Bernardo 'Nino' Vieira e do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Baptista Tagmé Na Waié", lê-se no documento.

Também o Governo francês condenou "com firmeza" o assassínio do Presidente da Guiné-Bissau e activou um gabinete de crise para acompanhar os acontecimentos no país.

A União Africana convocou para terça-feira uma reunião extraordinária do seu Conselho de Paz e Segurança (CPS) para analisar a situação da Guiné-Bissau, anunciou o presidente da organização, Jean Ping, que considerou os acontecimentos no país um "golpe de Estado".

Ao fim do dia, os militares da Guiné-Bissau mandaram encerrar todas as fronteiras marítimas, terrestres e aéreas com o Senegal e com a Guiné-Conacri "até nova ordem".

"Nino" Vieira, da etnia papel, e Tagmé Na Waié, balanta, mantinham uma intensa rivalidade desde a guerra civil em 1998/99.

Nessa altura, o general CEGMA tornou célebre uma premonitória frase: "o meu destino e o do Presidente estão ligados e, se eu morrer, "Nino" também morre."



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