segunda-feira, março 02, 2009

Bissau deserta ao cair da noite

Origem do documento: jornal "Jornal de Notícias", Lisboa, 02 Mar 2009
20h42m


Bissau é ao cair da noite uma cidade quase deserta, onde os militares marcam presença em pontos estratégicos, e a maioria dos postos de abastecimento de combustível e comércio está de modo geral encerrado.

Numa ronda por Bissau, a Lusa encontrou uma situação calma, e conseguiu circular livremente do centro da capital guineense até ao Aeroporto, pela nevrálgica Avenida 24 de Setembro, tendo apenas sido parada em dois postos de controlo militares.

Normalmente congestionada, esta avenida está livre, e os poucos automóveis que circulam usam os quatro-piscas.

Não há transportes públicos, os chamados "toca-toca", e as poucas pessoas que se vêem nas ruas circulam a pé, um cenário bastante diferente do habitual das noites de Bissau.

A zona do Quartel-General, onde explodiu a bomba que matou no domingo o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagme Na Waié, continua cortada à circulação de viaturas e pessoas, segundo observou a Lusa.

Há patrulhas nos cruzamentos de acesso à zona do Quartel-General, mas não há mais militares até à zona do aeroporto de Bissau, que se encontra fechado.

Junto à residência de Nino Vieira, assassinado na madrugada passada, a situação está calma, com a presença de alguns militares e elementos de segurança à paisana.

Foi aqui que se registou a situação mais tensa durante o dia, quando estava a ser retirado o corpo do chefe de Estado guineense: alguns militares dispararam para o ar, causando o pânico e debandada dos presentes.

Encontram-se encerradas as bombas de abastecimento de gasóleo, combustível necessário não só para os automóveis mas também para os geradores de que a cidade depende para ter electricidade.

Há mais de um ano que não há fornecimento público de energia na Guiné-Bissau.

A Lusa encontrou alguns estabelecimentos de restauração abertos, mas a maior parte do comércio esteve encerrado ao longo do dia.

O Bandim, principal mercado da capital guineense está encerrado, regista-se apenas a presença de alguns populares.

A circulação faz-se agora com mais liberdade do que ao início do dia e a situação aparenta calma, verificando-se que a população correspondeu aos pedidos do governo e do Estado Maior das Forças Armadas para permanecer nas suas residências.

Junto à Assembleia Nacional vêem-se apenas dois vigilantes privados à porta, e no centro de Bissau praticamente não se vêem militares, com poucas as pessoas ou carros a circular.



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