segunda-feira, janeiro 05, 2009

Tentativa de assassínio de CEMGFA: Governo e militares em silêncio

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 05 Jan 2009


O Movimento Nacional da Sociedade Civil guineense divulgou hoje em Bissau uma alegada tentativa de assassínio do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Tagmé Na Waié, mas nenhuma entidade oficial se pronunciou.

Segundo a alegação, feita em conferência de imprensa por Mamadu Queitá, porta-voz do Movimento, que congrega mais de cem organizações da sociedade civil guineense, a tentativa de assassínio terá ocorrido domingo à noite quando a escolta do CEMGFA foi surpreendida com tiros junto à Presidência da República.

A alegação da tentativa de assassínio não foi confirmada por nenhuma fonte oficial e, apesar de várias tentativas de contacto, a Lusa não conseguiu ainda falar com o general Tagmé Na Waié.

Na conferência de imprensa, Mamadu Queitá acrescentou que os autores da alegada tentativa de assassínio foram capturados, encontrando-se no Estado-Maior das Forças Armadas (principal quartel militar) da Guiné-Bissau.

O porta-voz do Movimento escusou-se a adiantar mais dados sobre os incidentes.

A Lusa solicitou ao ministro da Defesa, Marciano Barbeiro, um comentário sobre o caso, mas o governante disse desconhecer o que se passa.

"Oficialmente não sei de nada. Não tenho elementos. Tudo o que sei é o que ouvi pela comunicação social", adiantou.

Entretanto, um dos elementos acusados de envolvimento na alegada tentativa de assassínio, pronunciou-se sobre o caso, numa conferência de imprensa realizada hoje na sede da polícia, em Bissau, cuja organização permanece incógnita.

Segundo o alferes Albino Bogró, do Batalhão da Presidência da República, o incidente resultou de "um disparo acidental da arma de um soldado que estava no posto de vigia", no momento em que o CEMGFA estava a passar na rua da Presidência da República.

"Tudo não passou de um acidente. A arma de um soldado da guarda presidencial disparou acidentalmente quando estava a passar o Chefe do Estado-Maior. Foi só isso e mais nada", afirmou.

O alferes Albino Bogró acrescentou que os quatro elementos detidos na sequência do "disparo acidental da arma de um soldado" já foram postos em liberdade, encontrando-se nos respectivos postos de serviço.

Embora a conferência de imprensa tenha decorrido num posto policial, nenhum responsável da Polícia de Ordem Pública nem o ministro da Administração Interna falaram sobre o alegado crime.

Por outro lado, o porta-voz do Movimento Nacional da Sociedade Civil referiu-se à composição da escolta do Presidente da República, João Bernardo 'Nino' Vieira, que alegadamente é garantida por "elementos estranhos às Forças Armadas" guineenses.

Mamadu Queitá disse que as diligências feitas pela sua organização junto da Presidência, no sentido de saber por que razão a guarda do Presidente era feita por homens armados que não pertencem ao corpo do exército regular, não foram bem sucedidas.

O porta-voz do Movimento adiantou que o CEMGFA desconhece de onde partiu a ordem para que a guarda presidencial seja feita pelos os "Anguentas" (jovens armados que lutaram ao lado do Presidente 'Nino' Vieira durante a guerra civil de 1998/99).

Recentemente, em conferência de imprensa, o ministro da Administração Interna, Cipriano Cassamá, afirmou ter sido ele que ordenou a colocação dos "Anguentas" (expressão em crioulo para "aguenta") na segurança de 'Nino' Vieira, justificando a medida porque o chefe de Estado "não tinha um corpo de segurança de que necessita".

No passado dia 23 de Novembro, dois dias após a publicação dos resultados das anteriores eleições legislativas, um grupo de soldados de baixa patente, atacou a residência de 'Nino' Vieira durante três horas com armas de fogo pesadas, no que foi considerada uma tentativa de eliminação física.



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