quarta-feira, janeiro 14, 2009

Os que morreram nos naufrágios fizeram uma «jihad», diz líder muçulmano

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 14 Jan 2009


O presidente dos imãs da Guiné-Bissau, Mamadu Cissé, disse hoje que os religiosos muçulmanos vítimas do maior dos quatro naufrágios de pirogas nos últimos dias no país "fizeram uma Jihad", entendida como um sacrifício em prol do Islão.

"O nosso Profeta falava disso, quem vai islamizar tanto pode regressar como pode não regressar. Pode-lhe acontecer um acidente ou outra coisa. Para a nossa religião a morte dessas pessoas, por ter sido na água, é considerada uma morte no trabalho e sacrifício de Deus", declarou Mamadu Cissé, que é também o imã da mesquita do bairro d' Ajuda, em Bissau.

Na piroga que naufragou domingo ao largo de Biombo, norte da Guiné-Bissau, onde morreram cerca de 70 pessoas segundo a Presidência guineense, estava um grupo de membros do Conselho Nacional Islâmico (CNI) que regressava a Bissau após ter participado numa cerimónia de conversão ao islamismo de alguns populares na ilha de Pecixe.

"A morte da nossa gente (membros do CNI) é triste, mas também é normal. O destino de Deus é infalível. Deus destinou que teriam que morrer no mar", defendeu à agência Lusa Mamadu Cissé, lembrando que os muçulmanos não devem questionar a vontade de Deus.

O responsável religioso não sabe precisar quantas pessoas ligadas à CNI estavam na piroga naufragada na travessia de Pexice para Biombo, a 60 quilómetros a norte de Bissau, contudo, afirmou ter ouvido falar de 11 ou 12 pessoas.

"Seja quantos forem, devíamos rezar pela alma de todas as pessoas que seguiam nas pirogas afogadas nos últimos dias. É uma tristeza que toca a todos, muçulmanos ou não. Devemos rogar a Deus que os receba na sua misericórdia", frisou o responsável muçulmano.

O líder religioso pede que os guineense rezem pela alma das vítimas dos quatro naufrágios que ocorreram no país nos últimos dias.

A Presidência guineense decretou luto nacional para quinta-feira, referindo a existência de cerca de 70 mortos no conjunto dos acidentes com pirogas.

Este número não é confirmado pelo director da Marinha Mercante da Guiné-Bissau que aponta para a existência de cerca de 80 desaparecidos nos quatro naufrágios.

No naufrágio ocorrido no domingo, na travessia entre a ilha de Pecixe e Biombo, 64 pessoas que viajavam numa piroga são dadas como desaparecidas. Quatro corpos foram encontrados e três pessoas foram resgatadas com vida, explicou Jorge Aníbal Pereira.

Em relação aos outros naufrágios, o director da Marinha Mercante afirmou que oito pessoas estão dadas como desaparecidas no naufrágio do rio Corubal, na segunda-feira, e quatro encontram-se na mesma situação na sequência de dois outros naufrágios, hoje em Varela.

""s vezes Deus faz isso para nos testar na nossa fé", disse Mamadu Cissé.

O imã exorta, no entanto, aos guineenses para reforçarem as orações para que situações do género não voltem a acontecer.

Questionado sobre a decisão do Governo em proibir as viagens em pirogas até uma nova ordem, Mamadu Cissé disse que a comunidade muçulmana apoia a medida uma vez que "o mar está bravo" e os guineenses "devem ter paciência e aguardar até que volte a acalmar".



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?