quinta-feira, janeiro 08, 2009

Governo constituído por figuras de proa PAIGC e fiéis ao líder

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 08 Jan 2009


O novo Governo da Guiné-Bissau que hoje toma posse perante o Presidente 'Nino' Vieira é constituído maioritariamente por figuras de proa do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) ou leais ao líder Carlos Gomes Júnior.

Dos 21 ministros e 11 secretários de Estado quase todos são considerados gente da máquina do PAIGC, que "suou a camisola" nas recentes eleições legislativas, levando o histórico partido guineense a alcançar uma inédita maioria qualificada no parlamento.

Analistas locais afirmam que Carlos Gomes Júnior preferiu deixar para trás a ideia anunciada na campanha eleitoral de constituir um governo "à base de tecnocratas", nomeando uma equipa de gente da sua confiança.

Assim, entregou o cargo de ministro da Presidência do Conselho de Ministros ao seu vice-presidente no PAIGC, o antigo primeiro-ministro, Manuel Saturnino Costa, chamou a terceira vice-presidente do partido, Adiato Djaló Nandigna, para a pasta dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades e deu ao seu amigo e principal colaborador, o jornalista António Óscar Barbosa "Cancan", a pasta da Energia e dos Recursos Naturais.

Com Raimundo Pereira, segundo vice-presidente do PAIGC, na liderança do parlamento, Saturnino Costa, Adiato Nandigna e Óscar Barbosa constituem os pesos-pesados do governo.

Três outras figuras ligadas às bases do PAIGC também foram chamadas para o Governo: Fátima Faty (ministra da Mulher, Família e Coesão Social e Luta Contra Pobreza), Evarista de Sousa (ministra da Agricultura e Desenvolvimento Rural) e Baciro Dabó (Ministro da Administração Territorial).

Faty é pouco conhecida na ribalta política - oficialmente esta é a sua primeira função de Estado -, mas é conhecida como líder junto das mulheres da importante comunidade muçulmana do país, umas das principais bases de apoio do PAIGC.

Evarista de Sousa, engenheira zootécnica, formada na antiga URSS, é a presidente do núcleo dos quadros do PAIGC e secretária do partido na região de Bissau.

No entanto, a chamada de Baciro Dabó (um ex-chefe dos serviços secretos guineenses e próximo do Presidente "Nino" Vieira) para a Administração Territorial tem causado estranheza no país, uma vez que era dado como certo na pasta da Administração Interna.

Sem surpresa é a nomeação de dois economistas para o Governo: Helena Embalo para a pasta da Economia, Plano e Integração Regional e José Mário Vaz para as Finanças.

As duas figuras não são militantes do PAIGC, mas pertencem aos círculos das amizades do primeiro-ministro e ganharam prestígio pelo seu rigor.

Helena Embalo já foi ministra das Pescas no Governo de Carlos Gomes Júnior em 2004 e Mário Vaz foi presidente da Câmara Municipal de Bissau.

Muito trabalho é o que a generalidade dos analistas diz esperar dos dois elementos chamados para as pastas de combate à criminalidade: Justiça e Administração Interna.

Para a Justiça, Carlos Gomes Júnior escolheu Mamadu Djaló Pires, que já esteve nesse Ministério, chefiou o Supremo Tribunal da Justiça e, até agora, dava aulas na Faculdade de Direito de Bissau.

E para liderar as polícias, foi buscar Lúcio Soares, um veterano da guerra da independência do país, tido como um operacional, embora discreto na sociedade guineense.

Novidade é também a entrega do Ministério da Juventude e Desporto ao jovem Baciro Djá, de 35 anos, que ficou célebre pela "ousadia" de se ter candidatado à liderança do PAIGC, no último congresso em Junho de 2008.

Entre os que ficaram de fora, destaque para figuras como Marciano Barbeiro (ministro da Defesa no Governo cessante), Issuf Sanha (ministro das Finanças), ambos próximos de "Nino" Vieira.

Hélder Proença, um antigo ministro da Defesa do país, também próximo do Presidente "Nino" Vieira, era dado como provável no Governo, contudo, terá sido preterido por ter desafiado Carlos Gomes Júnior na escolha do presidente do parlamento.

O PAIGC e Carlos Gomes Júnior propuseram o nome de Raimundo Pereira ao nível do "bureau" político do partido, Hélder Proença não concordou com a escolha e avançou com o seu próprio nome, acabando, contudo, derrotado numa votação na presença dos deputados de todas as bancadas.

A novidade da orgânica do Governo, revelada quarta-feira a noite, é a criação da Secretaria da Administração Hospitalar, entregue ao médico Augusto Paulo da Silva, no dia em que o Banco Africano do Desenvolvimento anunciou um apoio de 9,2 milhões de dólares (6,7 milhões de euros) para projectos na área da saúde, nomeadamente a modernização do Hospital Simão Medes (principal unidade do país).

O novo Governo toma posse hoje perante o Presidente 'Nino' Vieira.



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