quinta-feira, agosto 14, 2008

Epidemia de cólera esgotou capacidade do principal hospital do país

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 14 Ago 2008

A epidemia de cólera que afecta a Guiné-Bissau esgotou a capacidade de atendimento do Hospital Simão Mendes, na capital do país, onde os doentes estão deitados em macas ao longo do alpendre que rodeia o edifício principal.

Por Francisco Ribeiro
da Agência Lusa


"Temos cerca de 400 camas, mas menos de metade é que estão disponíveis porque temos dois blocos em obras de reabilitação", afirmou Agostinho Semedo, director do hospital, em declarações à Lusa.

A situação agravou-se porque as obras, que estão paradas há vários meses, deveriam ter sido concluídas em Dezembro de 2007 e não há qualquer previsão para o final.

Apesar das dificuldades, o ambiente é calmo e sossegado no alpendre do hospital, que já recebeu cerca de 1.500 pessoas com cólera desde o final de Junho, das quais 12 acabaram por morrer.

A epidemia começou em Maio no sul da Guiné-Bissau, mas actualmente já alastrou a todo o país, tendo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) doado recentemente mais de 300 milhões de francos CFA (cerca de 460 mil euros) para apoiar o Governo no combate à doença.

"Esta epidemia ultrapassou a capacidade do hospital", admitiu o director da unidade de saúde, alertando que o problema vai ser agravado porque "a epidemia ainda está a crescer" devido às fortes chuvas que continuam a cair diariamente em Bissau.

Para minimizar o problema da falta de espaço, está a ser montada uma enorme tenda oferecida pelo UNICEF, onde serão instalados "os doentes que se encontram em fase de recuperação".

A tenda também permitirá proteger os doentes dos mosquitos e do frio da noite, enquanto, durante o dia, o alpendre fornece sombra que permite enfrentar melhor o calor húmido e sufocante da capital guineense.

Os doentes com cólera, que chegam a todo o momento ao hospital, são registados por um médico, numa espécie de posto de atendimento instalado no alpendre, e, de imediato, encaminhados conforme as necessidades de tratamento, mas o espaço começa a ser pequeno para tanta procura.

Ao longo do alpendre que rodeia o edifício do hospital, em macas mas também sentados em cadeiras, dezenas de doentes, desde crianças muito novas a idosos, aguardam que os tratamentos façam efeito e possam regressar a casa.

A algumas dezenas de metros de distância do edifício, familiares e amigos das pessoas internadas esperam pacientemente por informações que lhes permitam saber o estado de saúde dos doentes.

Se a falta de espaço é um problema notório, o director do hospital assegurou que "não há falta de medicamentos", pelo que todos os doentes que ali acorrem podem ser devidamente tratados.

Diferente é a questão da alimentação das pessoas internadas, que já levou a direcção do hospital a lançar um apelo público para conseguir géneros alimentícios que permitam satisfazer as necessidades geradas pelo aumento do número de pessoas que necessitam de tratamento hospitalar.

O Hospital de Bissau, o mais importante do país, que funciona com um gerador oferecido pela Cooperação Portuguesa, não se limita, no entanto, a atender doentes com cólera.

"Também temos muitos casos de doenças respiratórias, especialmente em crianças, e doentes com sida, que é um problema grave", frisou Agostinho Semedo.

Para todos, esta unidade hospitalar tem pessoal médico e de enfermagem e medicamentos, mas começa a ficar sem espaço e agrava-se a falta de alimentos para os doentes.



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