sábado, junho 21, 2008

Há acordo de princípio para Geocapital produzir biocombustível

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 21 Jun 2008


O ministro da Agricultura da Guiné-Bissau, Embaló Suleimane, disse hoje que há um acordo de princípio com a Geocapital do magnata Stanley Ho para produzir biocombustível no país, mas os estudos preliminares ainda estão a ser feitos.

"Os estudos preliminares ainda estão a ser feitos, ainda vão ser estudados os subsolos e a adaptação", afirmou Embaló Suleimane, em declarações à Agência Lusa.

Segundo o ministro, o projecto inclui também a produção paralela de alimentos.

"A questão do biocombustível é alternativa, o que nos interessa é a produção de alimentos", explicou o ministro, sublinhando que no país há carência de produção alimentar.

A Geocapital, com sede em Macau e propriedade de Stanley Ho e Ferro Ribeiro, anunciou no princípio deste mês um investimento nos próximos dez anos até 40 mil milhões de dólares na produção de biocombustível em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.

A produção será iniciada em dois ou três anos e deverá atingir a capacidade máxima, dentro de 10 a 15 anos, de 14 milhões de toneladas anuais, o equivalente a 10 por cento da produção mundial.

A produção de biocombustível pela Geocapital será feita com recurso à jatropha - também conhecida como pinhão manso - uma planta não comestível comum em África e na América e, segundo especialistas, será o meio que proporciona maior fiabilidade e o melhor rendimento de produção de biocombustíveis.

Segundo o ministro guineense, a jatropha permite é uma "cultura que não entra em conflito com as outras culturas" e "permite o cultivo de alimentos".

No entanto, um relatório da União Europeia a que a Lusa teve acesso, desaconselha o cultivo de jatropha e outras oleaginosas não comestíveis na Guiné-Bissau para produção de biocombustível, dado que o país é deficitário na produção de alimentos.

"Nenhum técnico, com coerência e honestidade profissional, pode aceitar e muito menos aconselhar, que num território tão exíguo como o da Guiné-Bissau se utilizem os parcos solos existentes para a cultura de oleaginosas não comestíveis para o fabrico de bio-diesel, quando grassa a fome", refere o documento.

O relatório lembra que "uma grande maioria da população apenas come uma refeição em cada 24 horas", destacando que há défice na produção de arroz, base alimentar dos guineenses.

Segundo o documento, outra questão que se coloca está relacionada com descontinuidade dos solos do país e que "ainda por cima são esqueléticos, ou seja, com uma pequena camada orgânica".

No relatório, considera-se ainda "atentado à fome" estar a plantar "centenas de milhar de hectares de solos de sequeiro para a plantação de oleaginosas não comestíveis para fins de combustível, em vez de se pensar no milho e em outros alimentos, nomeadamente feijão, batata-doce e mandioca".



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