domingo, maio 11, 2008

Oitenta cambistas regulam informalmente mercado de divisas

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 11 Mai 2008
Por Mussá Baldé, da Agência Lusa


Em francês, em inglês, em português ou em espanhol, a conversa acaba por ser sempre a mesma, pois são os cerca de 80 homens e rapazes que "trabalham" no mercado informal que "regulam" as operações cambiais na Guiné-Bissau.

Oficialmente, os bancos fazem as trocas de divisas. Legalmente existem cinco casas de câmbio em Bissau, mas quase toda a gente prefere os serviços dos rapazes do câmbio das imediações do mercado central.

Tcherno Baldé, no negócio há mais de 20 anos, disse, com orgulho, que começou a trabalhar no ramo quando o país ainda tinha como moeda nacional o peso. Desde 1997, a Guiné-Bissau opera com o franco CFA.

Tcherno Baldé não sabe ao certo quantas moedas já passaram pelas suas mãos, mas que a maioria das transacções de divisas são reguladas nas imediações do mercado central disso não tem a mínima dúvida.

"Já aconteceu, várias vezes, o Banco Central vir cá perguntar como está a cotação de certas divisas", contou à Agência Lusa, Tcherno Baldé.

O cambista acha que os clientes preferem os seus serviços não só porque dominam o negócio mas também porque "os bancos fazem muitas perguntas".

Mama Samba Sané, um outro cambista, é da mesma opinião: "Se o cliente não for um conhecido, o banco faz muitas perguntas para realizar qualquer operação cambial. É muita burocracia. Nós aqui não temos isso. Há dinheiro, realizamos negócio", explicou Mama Samba Sané, veterano no negócio.

Fodé Camará, por sua vez, elegeu a amizade e a confiança para explicar os motivos pelos quais os clientes preferem os seus serviços.

"Estamos aqui há muitos anos, os clientes acabam por nos conhecer. A confiança e a amizade acabam por vingar", sublinhou Camará.

A melhor altura para realizar operações cambiais, segundo os três cambistas, é o período eleitoral, isto porque, frisaram, os partidos recebem "financiamentos externos e não costumam regatear muito os preços".

A pior altura é a campanha da comercialização da castanha do cajú, principal produto de exportação do país, que decorre entre Março e Outubro.

Nessa altura, sublinharam os cambistas, os compradores do caju guineense, na sua maioria indianos, trazem as divisas pelos bancos e só esporadicamente aparecem no mercado central para realizar trocas cambiais.

Questionados sobre se pagam algum imposto pelo seu trabalho, os três cambistas foram unânimes em responder que "não", reconhecendo que operam no mercado informal.

"Como é que íamos pagar impostos se somos do mercado informal e ainda por cima operamos sem apoios de ninguém?", questionou Tcherno Baldé.



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