terça-feira, abril 29, 2008

Guiné-Bissau e Cabo Verde têm mercados cambiais mais estáveis

Origem do documento: www.macauhub.com.mo, 28 Abr 2009


Lisboa, Portugal, 28 Abr - Os países africanos de língua oficial portuguesa que têm as suas moedas indexadas a divisas têm mercados cambiais mais estáveis e melhor relação de risco-retorno para investidores e Moçambique, com uma flutuação gerida, consegue resultados aproximados.

A conclusão consta do estudo "Pressão nos Mercados Cambiais dos Países Africanos Lusófonos", recentemente apresentada pelos investigadores universitários portugueses Jorge Braga de Macedo, que foi ministro das Finanças de Portugal, Luís Brites Pereira e Afonso Mendonça Reis.

A análise econométrica identifica Moçambique como a "excepção à regra" de que a indexação a uma divisa - o euro, no caso de Cabo Verde e Guiné-Bissau - se traduz em maior estabilidade dos mercados cambiais e maior atractividade para os investidores.

Uma "razão plausível" para o resultado de Moçambique, afirmam, é o facto de ser o único país da amostra que tem "uma flutuação gerida implementando políticas monetárias e cambiais enquadradas pelo Fundo Monetário Internacional, que estabelece patamares para as reservas internacionais e textos para os activos líquidos domésticos do banco central".

A análise permite, contudo, concluir que "a relação risco-retorno é muito mais favorável para os investidores quando existem indexações cambiais, dado que o aumento de volatilidade é menor para o mesmo nível de retorno".

Segundo as últimas projecções do FMI, o metical moçambicano tem vindo também a apreciar-se, cerca de um terço relativamente ao ano base de 2000, enquanto Cabo Verde, Guiné e São Tomé registam uma situação de relativa estabilidade.

Muito acima da média dos países produtores de petróleo, Angola apresenta das maiores valorizações cambiais reais no continente africano, tendo mais do que duplicado o valor do kwanza desde o ano base.

Angola e São Tomé e Príncipe têm flutuações geridas sem trajectória de taxa de câmbio pré-determinada; Moçambique também, mas de acordo com políticas do FMI.

O pequeno arquipélago há muito que hesita relativamente ao futuro da sua moeda, a dobra, colocando-se como cenários uma indexação ao euro, ao dólar, ou ao franco CFA.

Cabo Verde e Guiné-Bissau têm ambos as suas moedas indexadas ao euro, com limitações no caso deste país, membro da União Económica e Monetária da África Ocidental.

"A nossa principal conclusão é que os países PALOP com indexações cambiais ("peg") claramente têm uma volatilidade menor quando comparados com aqueles que têm fluxos geridos", referem os investigadores.

Além disso, as crises de pressão no mercado cambial tendem a ser "muito menos severas" em situações de indexação cambial.

Comparativamente, Angola apresenta as mais "severas" crises de pressão no mercado, situando-se Moçambique no extremo oposto, dentro deste grupo.

"São Tomé e Príncipe situa-se entre estes dois extremos, mas o seu comportamento de crises de pressão no mercado cambial é claramente muito mais parecido com o de Moçambique", referem os investigadores.

A análise da volatilidade, referem, indica que Moçambique "tem a maior credibilidade" dentro deste grupo de três, e Angola a mais elevada volatilidade.

Quanto a São Tomé e Príncipe, a sua credibilidade "pode também estar a melhorar, uma vez que a sua volatilidade recuou desde 2002 e o seu nível é agora muito mais próximo do de Moçambique".

Jorge Braga de Macedo é professor de economia na Universidade Nova de Lisboa e presidente do Instituto de Investigação Científica Tropical, também na capital portuguesa.

Luís Brites Pereira é professor na mesma universidade e Afonso Mendonça Reis é aluno e investigador. (macauhub)



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