quinta-feira, abril 03, 2008

Avaria nas refinarias no Senegal motiva crise de gasolina em Bissau

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 03 Abr 2008


Uma avaria técnica nas refinarias do Senegal está a provocar crise de gasolina na Guiné-Bissau, onde este produto é vendido entre quatro a cinco mil francos CFA (7,6 euros) o litro no mercado negro.

Habitualmente, o preço de um litro da gasolina ronda os 700 francos CFA (cerca de um euro), mas há mais de um mês que as bombas na capital guineense deixaram de vender este combustível.

Segundo Filomeno Cabral, do comité de seguimento dos preços dos hidrocarbonetos, a situação está longe de ser ultrapassada porque, frisou, mesmo o Senegal não sabe quando deverá ter as refinarias em plena actividade.

Grande parte do combustível e lubrificantes que são comercializados na Guiné-Bissau são provenientes do Senegal e transportados em camiões cisternas.

Filomeno Cabral explicou que o Senegal parou as vendas para a Guiné-Bissau sob o pretexto de que poderá correr o risco de ter uma ruptura no "stock".

O problema agravou-se na medida em que não existe capacidade de armazenamento de grandes quantidades de gasolina na Guiné-Bissau, já que o país não dispõe de depósitos em condições, disse Filomeno Cabral, sublinhando que se houvesse condições de armazenamento, o combustível podia vir de barco.

Fonte da associação dos empresários importadores de carburantes disse à Lusa que existe combustível em Bissau "embora em pouca quantidade" mas que não está a ser vendido com receio de que a situação se prolongue nas refinarias do Senegal.

A falta da gasolina está a afectar a vida de milhares de guineenses que se viram obrigados a parar os geradores, os carros e as pirogas, que fazem a ligação entre Bissau e várias ilhas do arquipélago dos Bijagós.

Sene Daramé, um proprietário de uma piroga (canoa) que faz a ligação entre Bissau e as ilhas dos Bijagós, explicou à Lusa que há mais de três semanas que não faz a viagem por falta da gasolina.

"Não tenho dinheiro que chegue para comprar a gasolina a cinco mil francos o litro. A minha canoa está parada, sabe Deus até quando. É uma desgraça para a minha família", afirmou.

A população das ilhas Bijagós também está a sentir as dificuldades motivadas pela falta de gasolina na Guiné-Bissau ao ponto de serem obrigados a enterrar os familiares falecidos numa zona que não seja o seu chão ancestral.

Vários proprietários de pirogas contactados pela Lusa no cais do porto de Bissau confirmaram que nos últimos dias foram inúmeras vezes confrontados com pedidos de familiares que querem transportar os seus mortos para as ilhas, mas conseguem satisfazer por falta da gasolina.

"Chegam aqui, dizem que querem uma canoa, estão dispostos a pagar dez vezes mais por uma viagem, mas, coitados, não podemos fazer nada, porque não há a gasolina", diz um pescador e proprietário de uma velha piroga, com os motores fora de bordo desligados.



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?