domingo, abril 13, 2008

Agente da PJ executado com três tiros por polícias

Origem dos documentos: www.noticiaslusofonas.com, 13 Abr 2008

Agente da PJ executado com três tiros por polícias

O agente da Polícia Judiciária guineense executado hoje por membros das forças de intervenção rápida da Polícia de Ordem Pública (POP) foi morto com três tiros e o corpo apresentava sinais de tortura, disse à Lusa fonte policial.

"O corpo apresentava sinais de tortura e três tiros, sendo um deles no coração", referiu a mesma fonte.

Vários agentes das forças de intervenção rápida mataram hoje por vingança um elemento da Polícia Judiciária (PJ) guineense, detido sábado à noite por aquela força judicial por ter assassinado duas pessoas, entre as quais um polícia da força de intervenção rápida.

Hoje de manhã, os colegas do agente assassinado sábado invadiram as instalações da PJ, em Bissau, onde se encontrava o detido e retiraram-no da cela, tendo-o depois morto e entregue o cadáver.

"A PJ procedeu conforme a lei", afirmou a fonte policial, sublinhando que "deteve o agente, que estava fora de serviço".

"A PJ estava a prosseguir com uma investigação normal no caso de homícidio, com o suspeito já detido", acrescentou.

"Mesmo sendo agente da PJ, como estava fora de serviço e como agiu como civil, foi detido", sublinhou a mesma fonte.

Questionado sobre os acontecimentos ocorridos hoje de manhã nas instalações da PJ, a fonte esclareceu que o comissário-geral da POP ameaçou hoje a directora-geral da PJ e os seus agentes, afirmando que lhes ia tirar as armas.

"Passados cerca de cinco minutos entraram mais de 20 elementos de intervenção rápida da POP, todos armados, que ocuparam as instalações da PJ", disse, sublinhando que os polícias bateram em alguns agentes da PJ, ameaçaram prisioneiros e arrombaram todas as celas a tiro.

"Depois de terem arrombado as celas todas, levaram o agente da PJ detido, que passado umas horas deixaram já cadáver numa valeta em frente às instalações daquela polícia", acrescentou.

Depois disto, disse a fonte, ainda procuraram a directora-geral da PJ, que foi protegida por outros agentes e impedida de sair do gabinete.

Outras fontes contactadas pela Lusa afirmaram que o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Martinho N'Dafa Cabi, terá dado ordens para todos os elementos da força de intervenção rápida envolvidos na invasão das instalações da PJ serem detidos, contudo, ainda não há informação oficial.

A ministra da Justiça, Carmelita Pires, e o ministro da Administração Interna, Certório Biote, dão segunda-feira uma conferência de imprensa conjunta.


«Execução de agente da PJ por polícias mostra anarquia total»

A execução de um agente da PJ por elementos da força de Intervenção Rápida da Guiné-Bissau após um assalto às instalações da Polícia Judiciária mostra a "anarquia total" existente nas forças de segurança, disse um activista dos direitos humanos.

Os incidentes ocorreram horas antes da chegada da missão da União Europeia para reformar o sector das forças de segurança.

"Há uma anarquia total", afirmou aos jornalistas Luís Vaz Martins, presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos.

"Isto prova o que se afirmou no relatório sobre direitos humanos na Guiné-Bissau, divulgado sexta-feira", acrescentou o responsável.

No relatório, relativo à situação dos direitos humanos no país em 2007, a Liga Guineense dos Direitos Humanos denuncia que a corporação policial do país constitui uma ameaça à ordem e tranquilidade públicas e cria um "terreno propício e fértil para espezninhar os direitos, liberdades e garantidas dos cidadãos".

Segundo o documento, a situação das "forças de ordem pública é caracterizada pela utilização desproporcional da força, prática reiterada da tortura, detenções arbitárias (...) e quadro legal inexistente".

O documento afirma igualmente que as forças de ordem pública têm uma "(...) imagem de descrédito na população por causa da corrupção e do abuso de poder".

Mais de 20 agentes da força de Intervenção Rápida (PIR) da Polícia de Ordem Pública (POP) da Guiné-Bissau mataram hoje por vingança um elemento da PJ guineense, detido nas instalações daquela força policial por ter morto duas pessoas, entre as quais um polícia da PIR no sabádo à noite.

Hoje de manhã, os colegas do agente do PIR entraram de assalto nas instalações da PJ ameaçando agentes e prisioneiros, tendo disparado vários tiros, até encontrarem o agente da PJ detido.

Depois, transportaram-no para parte incerta e passado algumas horas voltaram à PJ para entregar o cadáver do agente, que apresentava marcas de três tiros e sinas de tortura.

Na origem de todos estes acontecimentos terá estado uma discussão num bairro de Bissau entre o agente da PJ hoje morto e um agente da PIR, sábado à noite.

A discussão, alegadamente por causa de um cão, provocou um tiroteio durante o qual morreram duas pessoas, o agente do PIR e um civil, tendo outro homem ficado gravemente ferido.

O assalto da PIR às instalações da PJ ocorre um dia antes da chegada de uma missão de 15 peritos civis e militares da União Europeia à Guiné-Bissau para ajudar na reforma do sector da segurança e defesa do país e ajudar no combate ao tráfico de droga.

Esta manifestação de incumprimento da lei por parte de agentes das forças de segurança ocorre também depois de uma missão da ONU para a Consolidação da Paz no país ter terminado uma visita de uma semana à Guiné-Bissau.

No final da visita, a chefe da missão, a embaixadora brasileira Luísa Viotti afirmou que o país registou progressos ao nível da estabilidade, mas que ainda há trabalho por fazer.



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