sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Grupo de 29 pessoas a caminho da Guiné-Bissau

Origem do documento: Diário as Beiras, Coimbra, Portugal, 22 Fev 2008


Sete veículos todo-o-terreno e uma moto partiram ontem de Coimbra em expedição humanitária à Guiné-Bissau, com 21,5 toneladas de bens para oferecer, procurando como recompensa “um sorriso de uma criança”.

“O que quero é um sorriso de uma criança. Já me sentirei recompensado desta viagem. É uma alegria estar com aquelas crianças”, confessou à agência Lusa o presidente da associação humanitária Memória das Gentes, José Moreira, antes da partida.

Eram 09H46 quando o primeiro jipe largou do parque de estacionamento do Largo da Portagem em Coimbra, sendo secundado pelos restantes, que atravessaram a Ponte de Santa Clara com destino ao Sul, iniciando uma aventura de oito dias, com a primeira noite passada em Tânger.

Na comitiva partiram 29 pessoas, entre eles alguns profissionais de saúde, e à sua despedida estiveram dezenas de familiares e amigos, o governador civil de Coimbra, Henrique Fernandes, e o presidente da câmara municipal, Carlos Encarnação, que simbolicamente lhes entregaram bandeiras de Portugal e de Coimbra, bem como alguns cidadãos guineenses que participaram na preparação da expedição.

As 21,5 toneladas de bens, entre eles roupas para adultos, jovens e crianças, material escolar, livros de histórias, cadeiras de rodas, canadianas e produtos farmacêuticos, como medicamentos de uso corrente e soros, seguiram em contentor de barco, e serão distribuídos pelos expedicionários no país.

José Moreira, presidente da Memória das Gentes, que em conjunto com a Liga de Combatentes organizou a expedição humanitária, revelou à agência Lusa que as dádivas foram tantas que não foi possível levar tudo o que receberam no contentor. Nas viaturas da expedição seguem apenas as provisões da viagem, para duas refeições diárias, “um almoço e um lanche ajantarado”, evitando assim grandes gastos.
Nesta primeira noite os expedicionários pernoitam em Tânger, seguindo-se dormidas em Agadir (ambas em Marrocos), Layune (Sahara Ocidental), Roxiko, numa tendas dos tuaregues no deserto, em Nouakchott (todas na Mauritânia), Saint Louis, Tambacunda (ambas no Senegal), e na nona já será em território da Guiné-Bissau.

Na passagem pela Mauritânia os expedicionários recorrerão a um guia, para se conseguir orientar pelo deserto.

Na Guiné-Bissau, parte substancial dos materiais recolhidos serão entregues a instituições carenciadas, mas outra parte será distribuída directamente pelos membros do grupo em escolas do interior. Serão privilegiadas as regiões do interior, em detrimento das populações da capital, Bissau, por haver menos risco de os bens entrarem no “mercado negro”.

Em Guiledje, uma zona da Guiné-Bissau onde as tropas portuguesas começaram a recuar durante a guerra colonial, os expedicionários irão realizar um simpósio de antigos combatentes. Alguns dos integrantes da missão estiveram ali em combate, como é o caso de José Moreira, nos anos de 1966 e 1967.

António Gomes Ambaça, técnico autárquico, guineense da região de Tombali e residente em Coimbra, que ajudou na preparação e se foi despedir dos expedicionários, fez votos para que os bens transportados cheguem ao seu destino, a quem precisa.

“É louvável este tipo de viagens de apoio à população local. Realço o apoio dado pela população de Coimbra”, sublinhou, em declarações à agência Lusa.

Os expedicionários irão regressar em Março, em dois grupos, a Portugal, fazendo o percurso inverso pela costa africana. José Moreira ficará na Guiné-Bissau até 16 de Março, para proceder à entrega dos bens.

A iniciativa contou com o apoio de diversas empresas, além do Governo Civil, da Câmara de Coimbra e da ONG Saúde em Português.



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