domingo, agosto 26, 2007

Alpoim Calvão ajuda guineenses a combater a pobreza através do caju

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 25 Ago 2007


O sonho por uma Guiné Melhor alimentou os soldados portugueses que se bateram durante a guerra colonial até 1974, o mesmo sonho continua a motivar Alpoim Calvão, que tenta agora ajudar os guineenses a erradicar a pobreza.

Por Mussá Baldé


Alpoim Calvão, celebre comandante das forças especiais portuguesas na guerra colonial na Guiné, está em Bissau de “armas e bagagens” desde 2004 à frente de um projecto de investimentos no sector da recolha da sucata e transformação do caju, principal produto agrícola da Guiné-Bissau.

“Bato-me pelo ideal de uma Guiné-Melhor pelo qual servi na guerra colonial. Penso que esse ideal ainda está por atingir”, diz Alpoim Calvão, numa entrevista à Agência Lusa, quando questionado sobre as motivações de um homem que se celebrizou durante a guerra colonial e que decide assentar arraiais num país que lhe devia ser hostil.

“Nunca senti alguma rejeição por parte dos guineenses, antes pelo contrário”, refere Calvão, acrescentando que se sente orgulhoso pelo seu passado como combatente da tropa colonial portuguesa nas matas da Guiné.

Calvão chefiou a chamada operação “Mar Verde”, que levou à invasão da Guiné-Conacri em 1970 para eliminar os dirigentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), especialmente Amílcar Cabral, mas que fracassou.

Falando dos vários projectos em que se encontra envolvido, o ex-militar destaca a transformação do caju em amêndoa através de uma unidade montada na ilha de Bolama, nos arquipélagos dos Bijagós.

A Licaju, nome da unidade, é modesta, na opinião de Calvão, mas é já considerada um verdadeiro pólo de desenvolvimento de Bolama, tal é a dinâmica que a fabrica empresta à vida da população daquela ilha isolada do resto da zona continental da Guiné-Bissau.

Em funcionamento desde Novembro passado, a Licaju dá emprego directo a mais de 1.500 pessoas, tendo como folha de salários cerca de 11 milhões de francos CFA (quase 17.000 euros) por mês. Analistas admitem já que todo o circuito monetário de Bolama é alimentado com o dinheiro da Licaju.

Alpoim Calvão regozija-se pelo facto de a sua fábrica estar a ajudar a “melhorar a vida as gentes de Bolama”.

A fábrica do empresário português deverá passar a produzir brevemente gelo para fornecer aos pescadores da ilha e, eventualmente, vender energia eléctrica à população, uma energia gerada com a casca do caju transformado na Licaju.

Até ao momento, a Licaju exportou sete contentores da amêndoa do caju para a Europa, contando enviar mais seis contentores antes do final do ano.

Em termos de receitas, as exportações renderam à empresa de Alpoim Calvão 350 mil euros por mês, mas o empresário pretende abrir mais três fábricas noutras localidades da Guiné-Bissau, devendo cada unidade a produzir dois contentores por mês.

Calvão diz-se apaixonado pela Guiné-Bissau e destaca às potencialidades humanas e naturais do país: “O povo faz uma luta heróica contra as adversidades, sobretudo as mulheres, na agricultura, e o país tem potencialidades enormes”.

O turismo, a pesca, a agricultura, os minérios, o petróleo, o bauxite e os fosfatos são as potencialidades apelativas, segundo Alpoim Calvão.

O empresário convida os investidores portugueses a apostarem na Guiné-Bissau, país que considera tranquilo “apesar das dificuldades óbvias”, com uma situação politica estabilizada, apesar “de notícias que indicam o contrário”.

“Há sempre uns pescadores de águas turvas a quem convém dar uma ideia errada da situação do país”, considera Alpoim Calvão.

Sobre o problema que mais afecta a imagem do país neste momento, o tráfico de droga, o ex-militar considera tratar-se de “um problema real, mas bastante empolado”, o que, frisa, não deixa discernimento às autoridades para combater o flagelo eficazmente.

Como empresário com ideias de expansão de negócios, Calvão apenas tem um pedido a fazer ao governo da Guiné-Bissau: “Que tudo seja feito no sentido de facilitar a vida a quem queira investir no país, para ajudar a criar riqueza e combater a pobreza”.



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