quarta-feira, março 14, 2007

Presidente Nino trava queda do seu primeiro-ministro

Origem do documento: jornal "Diário de Notícias" (Lisboa)
por Armando Rafael *

Volte-face em Bissau. Afinal, e ao contrário do que é preconizado pelos três maiores partidos guineenses, o Presidente Nino Vieira parece empenhado em travar a queda do primeiro-ministro, Aristides Gomes. É, pelo menos, isso que indiciam as declarações ontem proferidas pelo seu chefe de gabinete, João Cardoso, quando afirmou não existirem "razões objectivas que justifiquem a demissão ou a queda do Governo". Apesar de essa ser a vontade do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), do Partido da Renovação Social (PRS) e do Partido Unido Social- -Democrata (PUSD).

"Está prevista uma reunião do Grupo de Contacto, no dia 26, em Lisboa, para dar continuidade aos esforços da mesa redonda e implementar as reformas no país", frisou João Cardoso, citado pela Lusa. "Imaginem [o que seria] mudar de Governo. Não faz sentido!"

Questionado sobre o facto de PAIGC, PRS e PUSD, que representam 97 dos 102 deputados, terem chegado a um entendimento para a formação de um novo Governo, João Cardoso não podia ter sido mais claro. Nomeadamente, no que respeita aos encontros que as três formações mantiveram, na segunda-feira, com Nino Vieira. "Não se falou da governação, nem da criação de um Governo de consenso nacional. Como o problema não foi presente, a Presidência não tem opinião. Quando apresentarem o pacto [de Estabilidade da Política Nacional] assinado, então poderão continuar o diálogo."

Rumores de pressões

Afirmações que parecem reforçar os rumores que circulam em Bissau e que apontam para a pressão de doadores que não quererão novas alterações num país que teve dez primeiros-ministros em 13 anos. Especialmente, quando PAIGC, PRS e PUSD estão longe de poderem ser considerados entidades unidas e disciplinadas. Como se observa pela contestação que o PAIGC tem feito a Aristides Gomes, o 1.º vice-presidente do partido, ou como se constata pela queixa que vários ministros do PRS apresentaram em tribunal, contestando a liderança do ex- -presidente Kumba Ialá.

Trunfos a que Nino Vieira poderá recorrer, deixando apenas espaço para uma ampla remodelação do Governo. Resta saber se PAIGC (que em Maio realiza o seu congresso), PRS e PUSD aceitam essa solução ou se optam por um braço-de-ferro, forçando a substituição de Aristides Gomes no Parlamento. Com todos os riscos inerentes
*Com António Nhaga, em Bissau



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?