sexta-feira, março 02, 2007

Poços em Bolama estão contaminados com dejectos

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 02 Mar 2007

Quatro em cada cinco poços de água do sector de Bolama, antiga capital da Guiné-Bissau situada no arquipélago dos Bijagós, estão contaminados com dejectos, disse hoje o professor português Adriano Bordalo e Sá.

Investigador do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, o professor esteve na ilha de Bolama entre 23 de Fevereiro e 1 de Março a prosseguir um trabalho de investigação científica sobre a qualidade das águas iniciado em Julho de 2006, durante a época das chuvas.

"Esta situação demonstra a existência de poluição crónica devido à ausência de uma rede de saneamento básico em funcionamento, à localização de latrina s ao lado dos poços, aos animais domésticos não estabulados e à falta generaliza da de informação sobre o uso da água", afirmou o professor.

Adriano Bordalo e Sá destacou também que durante o período seco os "níveis de contaminação nos poços poluídos com matéria fecal são na época seca o triplo dos encontrados na época das chuvas, com a agravante do volume de água nos poços ser menor".

O investigador analisou 31 dos principais poço espalhados pela ilha de Bolama e que servem grande parte da população local.

Segundo o professor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, as situações mais preocupantes, "algumas com teores de poluição equivalente a esgoto diluído", situam-se na cidade de Bolama, nos bairros dos subúrbios e na zona noroeste da ilha.

"A água de boa qualidade bacteriológica pode ser encontrada na zona central da ilha, onde existe ordenamento do território e latrinas e zonas de banho comunitários afastados dos poços", salientou Adriano Bordalo e Sá.

Questionado sobre se o problema da água pode ser resolvida, o professor disse que há soluções fáceis, nomeadamente a utilização de cascas de ostras para elevar o Ph da água de Bolama.

"Se o problema da água for minorado, as condições de vida dos insulares melhoram, mas é preciso haver vontade", sublinhou o professor português, lembrando que na Guiné-Bissau morrem 203 crianças por cada 1000 nascimentos.

Sobre a situação da água em Bissau, Adriano Bordalo e Sá disse que fez análises em três furos, a pedido da Embaixada de Portugal.

"A primeira coisa que salta à vista é o elevado Ph da água. Isso aconte ce porque os poços são muito fundos e com o tipo de solos", afirmou.

"O único posto não contaminado é o do bairro da cooperação portuguesa, onde se pode beber água da torneira com base nos parâmetros analisados", salientou o professor.



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