quarta-feira, março 14, 2007

FAO aconselha governo a rever política de preços para o caju

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 14 Mar 2007

A Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) recomendou hoje ao governo da Guiné-Bissau para rever a sua política sobre a comercialização da castanha de caju, para evitar os prejuízos registados na campanha de 2006.

"O governo deve deixar que o mercado funcione e acabar com a fixação dos preços a que obrigava os agricultores a vender as suas produções", afirmou Marco Giovannoni, conselheiro regional para a Alimentação e Segurança da FAO na África Ocidental.

Em declarações à agência de informação das Nações Unidas, IRIN, Marco Giovannoni lembrou que esteve em fins de Fevereiro na Guiné-Bissau a participar numa missão de avaliação da situação alimentar, que congregou também uma delegação da Comissão para o Controlo da Seca no Sahel (CILSS).

Em 2006, a comercialização da campanha de caju, produto que representa 85 por cento do total das exportações guineenses, ficou muito aquém do inicialmente previsto, depois da polémica que envolveu a decisão do governo de Aristides Gomes em fixar o quilograma em 350 francos CFA (0,53 euros), contra os 250 francos CFA (0,38 euros) definidos para 2005.

A medida levou os investidores internacionais, na sua grande maioria provenientes da Índia, a boicotar a compra da castanha de caju, impedindo que os agricultores pudessem adquirir arroz, a base da dieta da população guineense.

O armazenamento de grandes quantidades do produto provocou a queda vertiginosa do preço do quilograma, que, segundo Marco Giovannoni, chegou a ser vendido por 50 francos CFA (0,07 euros), face ao desespero dos produtores.

Analistas da FAO consideram que, se o governo não permitir que o mercado funcione nos moldes normais, a situação de fome pode regressar à Guiné-Bissau em meados deste ano, uma vez que, até lá, há uma produção suficiente de arroz para abastecer a população.

No entanto, quando começar a época das chuvas (de Junho a Outubro), acrescentam as fontes citadas pela IRIN, termina a época das colheitas e a população volta a depender da importação do arroz, enquanto aguarda pela próxima produção.

Num passado recente, os agricultores trocavam um quilo de caju por idêntica quantidade de arroz. Mas, actualmente, para adquirir um quilograma de arroz são necessários cinco de castanha de caju.

Segunda-feira, em declarações também à IRIN, o ministro da Agricultura guineense, Sola N'Quilin, garantiu que, este ano, o governo vai continuar a fixar o preço da castanha de caju, sublinhando ser essa uma das funções do executivo, nomeadamente sobre os preços do produto nos mercados internacionais.

Para Marco Giovannoni, porém, o governo vai cometer "mais um erro", sobretudo se voltar a subir o preço da castanha para 250 francos CFA.

"Como é que o preço pode subir rapidamente de 50 para 250 francos CFA? Tal provocaria um significativo desincentivo aos empresários indianos que, de resto, também não estão com muita pressa para regressar à Guiné-Bissau", afirmou o responsável da FAO, lembrando que os investidores ainda não voltaram ao país desde 2006.

"O governo criou inúmeros obstáculos. Não sabemos ainda se voltaremos à Guiné-Bissau ou se iremos comprar o produto noutros locais", disse Norbert Djidonou, representante em Bissau da empresa OLAM, de Singapura, a maior importadora de caju a operar no país.



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