quarta-feira, janeiro 31, 2007

AMI faz voltar ao país 22 crianças talibés

Origem do documento: www.guine-bissau.com, 31 Jan 2007
Por: SABINO SANTOS LOPES

AMI FAZ VOLTAR AO PAÍS 22 CRIANÇAS TALIBÉS

Num total de 23 crianças anunciadas, apenas 12 chegaram ao país no passado dia 29 de Janeiro vindas do Senegal. A Associação Amigos das Crianças foi a organização que se decidiu envolver no processo para fazer voltar ao país, menores que saem do país com o pretexto de ir aprender aulas corânicas no Senegal, mas que acabam nas ruas a pedir esmolas.

No Aeroporto Osvaldo Vieira, as crianças manifestaram a satisfação por terem regressado e denunciaram que nas terras senegalesas foram e outros continuam a serem alvos de maus-tratos.

Confirmaram que de facto não limitam apenas a aprender o Corão, como são obrigados a ir para a rua pedir esmolas para o benefício dos seus mestres. Garantiram que, caso não consigam algo, durante o peditório, para além de não terem o direito à comida, são espancados pelos mestres.

Laudolino Carlos Medina secretário executivo da AMI disse à imprensa que a sua organização, cuja vocação é defender os direitos da criança, não podia de forma alguma ficar indiferente da situação em que estes viviam no estrangeiro.

“Tínhamos informações de que as crianças saem aqui com o objectivo de aprender aulas corânicas no Senegal. Durante a nossa passagem no Senegal, vimos a maioria destas crianças perderem a ligação que têm com seus mestres corânicos. Passam mais tempo na rua a pedir esmolas. Dormem na rua; outros acabam por adoecer e alguns morreram inclusive”, disse.

Explicações deste responsável dão conta ainda que nesta situação as crianças quase que tornam-se em meninos de rua, uma vez que, mesmo em caso de doença não dispõem de ninguém para socorrê-las.
Segundo os dados da AMI centenas de crianças guineenses encontram-se no Senegal a viver nas condições em que estes foram retiradas, mas precisam de ser localizadas.

Relativamente àquelas que chegaram no dia 29 de Janeiro, Laudolino garantiu já conseguiram localizar seus familiares e prometeu que não tarda, estes vão voltar a conviver com os pais.
Entretanto, a missão de fazer voltar ao país estas crianças não foi nada fácil. O DB sabe que a AMi, para além dos gastos despendidos, enfrentou alguns obstáculos por parte daqueles que beneficiam com a “escravatura” agora regressadas.

Mas a questão das crianças pedintes não se verifica apenas no Senegal. Também em Bissau, para além do elevado número de crianças pertencentes à comunidade estrangeira que tem vivido no país, é notável que crianças que saem do interior com pretexto de aprender na capital em algumas escolas "madrassas", mas acabam invariavelmente por se transformar em pedintes nas ruas.

A situação chegou a ser equacionada no parlamento por alguns deputados da Nação, mas nunca foi objecto de debate. Nos últimos tempos, uma deputada da bancada parlamentar do PRS admitiu mesmo a possibilidade de requerer um debate exclusivamente sobre a matéria.

O que mais indignou a parlamentar, é que para além de serem pedintes, algumas das crianças e os seus pais, são deficientes físicos. A deputada considerou durante a sua intervenção que o país não poderia estar a dar-se ao luxo de albergar pessoas, que aparentemente são iguais àquelas que temos, questionando o porquê, destes não ficarem nos seus respectivos países.



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