sexta-feira, setembro 01, 2006

Oficiais libertados hoje ameaçam processar chefe do Estado-Maior

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 01 Set 2006

Os dois oficiais guineenses detidos desde segunda-feira, foram hoje libertados, tendo ameaçado processar judicialmente o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) a quem acusam de "perseguição".

O comodoro Lamine Sanha e o tenente-coronel Almami Alan Camará estiveram detidos, sob custódia do Estado-Maior General das Forças Armadas, acusados por um soldado de tentativa de assassínio do CEMGFA guineense, general Tagmé Na Waié.

Hoje, em conferência de imprensa, responsabilizaram Tagmé Na Waié pela situação que viveram e dizem que ambos estão a ser vítimas de perseguição por parte do CEMGFA por serem da mesma etnia a que pertencia o falecido general Ansumane Mané, líder da Junta Militar que derrubou o presidente "Nino" Vieira do poder em 1999.

Segundo os dois oficiais, a situação que enfrentam "às mãos de Tagmé Na Waié" remonta a 2000, desde a morte, ainda por esclarecer, do general Ansumane Mané, uma vez que ambos já foram detidos por quatro vezes "sem culpa formada".

"Chega de perseguição de Tagmé Na Waié aos militares e oficiais muçulmanos nas Forças Armadas da Guiné-Bissau. Basta de calúnias, é preciso que o mundo esteja atento ao que se passa" no exército guineense, disse o comodoro Lamine Sanha, que já desempenhou as funções de Chefe do Estado-Maior da Armada.

"Tagmé Na Waié está a enganar o mundo de que está a promover a reconciliação nas Forças Armadas, quando, no fundo, está a fomentar a divisão e perseguição contra oficiais muçulmanos", afirmou Almami Camará, antigo vice-chefe do Estado-Maior do Exército.

Em funções desde finais de 2005, o general Tagmé Na Waié - que substitui Veríssimo Correia Seabra morto numa sublevação de militares que reclamavam o pagamento de salários - encetou um processo de reconciliação nas Forças Armadas marcadas por divisões entre vários grupos.

O último relatório do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, sobre a situação interna da Guiné-Bissau apresentado ao Conselho de Segurança, considerou, no entanto, que existiam sinais de antagonismos profundos na sociedade guineense.

"Concordamos com a opinião do secretário-geral das Nações Unidas quando diz que a situação da Guiné-Bissau é frágil, é verdade porque a nível militar há divisões profundas", sustentou Lamine Sanhá para quem o governo e o próprio Presidente João Bernardo "Nino" Vieira "continuam reféns dos militares".

"O governo não diz nada, o Presidente idem, podemos dizer que as pessoas têm medo dos militares", afirmou aquele oficial que pede a intervenção da comunidade internacional "já que as autoridades nada fazem" para alterar a situação.

Afirmando-se cansados do "prende e solta" por parte do CEMGFA sem que há uma chamada de atenção do poder político, os dois oficiais prometeram intentar, brevemente, uma acção judicial contra Tagmé Na Waié.

"Vamos ver se o Ministério Público tem ou não a coragem de convocar Tagmé Na Waié para ser ouvido", disse Lamine Sanhá, segundo o qual as autoridades do país dão sinais de terem "medo" do CEMGFA.

"(Tagmé Na Waié) Disse-me que já fui preso em varias ocasiões mas consegui sair ileso, mas que desta vez não ia escapar", afirmou Lamine Sanhá, sem especificar a ameaça, afirmando apenas que as atitudes do actual CEMGFA são "nocivas ao ambiente democrático" na Guiné-Bissau.



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?