sexta-feira, setembro 08, 2006

Detido após tiroteio diz que armas eram para rebeldes Casamança

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 08 Set 2006

Um elemento do grupo desconhecido que hoje se e nvolveu num tiroteio em Bissau com soldados do exército guineense disse aos jornalistas que as armas que transportava se destinavam aos rebeldes de Casamança (Senegal).

Máximo Senguibo, apresentado como chefe do grupo e dono da canoa em que eram transportadas as armas, é uma dos cinco pessoas detidas por soldados guine enses na sequência de intensos tiroteios que se registaram na madrugada de hoje, na zona do Porto de Bandim, arredores de Bissau.

Senguibo, cuja nacionalidade não foi divulgada, falava aos jornalistas após ter sido impelido para tal, num gesto inédito, pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) da Guiné-Bissau, general Tagmé Na Waie, que falara momentos antes à imprensa.

No entanto, e sem qualquer explicação, ao mesmo tempo que Senguibo fala va, os soldados juntaram cartazes de Malam Bacai Sanhá, utilizados na campanha e leitoral das eleições presidenciais de 2005, às armas apreendidas.

Político ligado ao PAIGC, Malam Bacai Sanhá disputou e perdeu a segunda volta das presidenciais contra o actual chefe de Estado guineense, João Bernard o "Nino" Vieira, fixando residência em Dacar, Senegal, desde Agosto de 2005.

Em curtas declarações aos jornalistas, no local de exposição das armas e cartazes de Bacai Sanhá, o general Tagmé Na Waie limitou-se a afirmar que a situação "está calma" em todo o país.

"A situação está calma. Apelamos ao povo de Bissau, e do país em geral, a manter a calma. Os soldados estão a fazer o seu trabalho de forma serena", disse Tagmé Na Waie, acrescentando um lacónico "até à próxima" antes de abandonar o local onde as armas estão expostas, logo à entrada da sede do Estado-Maior guineense.

Por sua vez, Máximo Senguibo indicou que foi "contratado" para se deslo car a Bissau com a sua canoa para transportar armas e munições "paraos homens do Comandante Vié" até Varela, 200 quilómetros a norte de Bissau.

Varela é uma estância balnear guineense junto à fronteira com o sul do Senegal, bastião de uma rebelião dos independentistas do Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC).

Quando questionado sobre a proveniência das armas, Máximo Senguibo, que aparenta cerca de 40 anos, foi abruptamente empurrado pelos soldados em direcção à cela.

Já na direcção dos calabouços, o proprietário da canoa afirmou a sua inocência e disse que nada sabia do que transportava, uma vez que a embarcação for a carregada na sua ausência.

Sobre os alegados recibos apreendidos pelos soldados e documentação que indicia que as armas teriam sido compradas na Guiné-Bissau, Máximo Senguibo afirmou desconhecer esses pormenores.

As armas, metralhadoras AKM, lança-morteiros, granadas e foguetes de sinalização, indiciam terem sido enterradas durante um longo período, tendo sido recentemente tiradas do esconderijo.

Segundo o chefe das operações no local dos incidentes, o coronel Lassana Insali, alguns elementos do grupo ainda se encontram a monte, mas os soldados capturaram também ainda cerca de 400 litros de gasolina na embarcação em que se faziam transportar.

Ainda na presença dos jornalistas no quartel do Estado-Maior, situado na zona de Santa Luzia, o próprio CEMGFA telefonou ao ministro do Interior guineense, Ernesto de Carvalho, para lá se deslocar para "ver a novidade".

Recentemente, Tagmé Na Waie foi alvo de duras críticas e acusações públ icas por parte de dois oficiais militares que tinham sido detidos alegadamente por ordens do CEMGFA guineense.

Em conferência de imprensa, o comodoro Lamine Sanhá e o tenente-coronel Almami Alan Camará, de etnia Mandinga, islamizada, detidos por alegada tentativa de assassínio do CEMGFA guineense, acusaram Na Waie de perseguição aos oficiais militares que professam a religião islâmica.

Até hoje, Tagmé Na Waie não respondeu nem deu esclarecimentos sobre o assunto.



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