sexta-feira, julho 14, 2006

«Electricidade pública deixa de ser problema em 60 dias»

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 14 Jul 2006

A crónica falta de energia na Guiné- Bissau deixará de ser problema dentro de 60 dias, assegurou hoje à Agência Lusa o ministro dos Recursos Naturais guineense, anunciando novos investimentos e melhorias para aumentar a capacidade de produção.

Aristides Ocante da Silva acrescentou que uma equipa de técnicos ucranianos está a reparar três dos cinco "obsoletos" grupos geradores existentes na central eléctrica de Bissau.

Por outro lado, um consórcio internacional, o ramo africano da Siemens, com sede na Nigéria, pretende adquirir nos próximos dias novos geradores, para que sejam montados rapidamente, permitindo aumentar a produção de energia na capital guineense.

O ministro dos Recursos Naturais guineense, que tutela também a pasta do Ambiente, ressalvou que, com as duas operações, o mais tardar em 60 dias, a situação energética, sobretudo em Bissau, registará "melhorias substanciais".

De acordo com Aristides da Silva, "tem-se notado nos últimos dias" uma "ligeira melhoria" no fornecimento da energia pública na capital, com a entrada em funcionamento de dois grupos geradores reparados pelos técnicos ucranianos.

Actualmente, a central eléctrica de Bissau produz 2,5 megawatts, podendo, nos próximos dias, atingir os quatro, depois de concluídos os trabalhos da equipa ucraniana, o que dará para responder às necessidades da grande maioria dos habitantes da capital guineense.

Segundo os cálculos da Empresa e Electricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB), Bissau necessita de 11 megawatts de potência, uma vez que as empresas, embaixadas e missões estrangeiras, por si só, consumirão entre cinco a sete megawatts, embora estejam a utilizar, nesta altura, geradores próprios.

Acontece que, com a guerra civil de 1998/99, as unidades industriais, missões diplomáticas e escritórios de organizações internacionais ou estrangeiras sedeadas em Bissau deixaram de receber a intermitente corrente eléctrica fornecida pela EAGB, explicou.

No entanto, Aristides da Silva considera que a "grande melhoria" no fornecimento da energia só será sentida com a entrada em funcionamento dos geradores que serão adquiridos brevemente pela Siemens, que será representada em Bissau pela filial nigeriana do grupo alemão.

A intenção do governo é deixar a Siemens produzir energia, que seria comprada pela EAGB e que, por sua vez, faria a distribuição aos clientes, sublinhou.

Para tal, acrescentou, o governo guineense obteve fundos no valor de 25 milhões de dólares (cerca de 20,8 milhões de euros) para concretizar os vários projectos que delineou.

Os doadores são o Banco Mundial (BM), que disponibilizou 15 milhões de dólares (12,5 milhões de euros), e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e o Banco Oeste Africano de Desenvolvimento (BOAD), cada um com cinco milhões de dólares (4,1 milhões de euros).

Entre outros projectos, há a intenção de proceder à substituição de formas de condução de energia dos actuais cabos aéreos para subterrâneos.

O governo de Bissau deposita esperanças na energia eléctrica a ser produzida pelas barragens Sambangalo (Senegal) e Kaleta (Guiné Conacri) que, a partir de 2009, poderão fornecer corrente eléctrica à Guiné-Bissau.

A longo prazo, é intenção das autoridades guineenses avançar para a construção de uma barragem no país, a partir do caudal do rio Geba na localidade de Saltinho, no sul da Guiné-Bissau, que daria para produzir cerca de 20 megawatts.

De acordo com o ministro, já existem contactos com o Brasil no sentido da materialização deste que é dos mais antigos projectos energéticos da Guiné-Bissau.

Nos cálculos realizados pelo governo, seriam necessários 87 milhões de dólares (72,5 milhões de euros) para a construção da barragem em Saltinho, que daria para resolver, "de vez", as necessidades energéticas da Guiné-Bissau, explicou Aristides da Silva.

A China estará disposta a financiar o projecto desde que haja entendimento com as autoridades guineenses na recuperação dos custos, concluiu o ministro dos Recursos Naturais.



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