terça-feira, junho 27, 2006

Quadro macroeconómico dá sinais de retoma, afirma o FMI

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 27 Jun 2006

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou hoje que o quadro macroeconómico prevalecente na Guiné-Bissau indicia "sinais de retoma", advertindo, contudo, para uma série de reformas e procedimentos a cumprir previamente para que o país saia da crise.

Ousmane Dorée, representante residente do FMI no Senegal e Guiné-Bissau e chefe de missão do Programa de Referência na Guiné- Bissau, falava aos jornalistas, em Bissau, no final de uma reunião de trabalho com o chefe de Estado guineense, João Bernardo "Nino" Vieira,

"Há sinais de que a economia guineense está a começar a ganhar terreno, e isso nota-se no investimento. O sector privado deve ser, em breve, estimulado, dado que começam a ser criadas condições para tal (novo Código de Investimentos)", sublinhou.

Ousmane Dorée, que está em Bissau para uma missão de avaliação da execução dos programas macroeconómicos guineenses, projectou em 4 por cento a taxa de crescimento da economia local até ao fim do ano (3 por cento em 2005), mas "só se a actual tendência se mantiver".

"Em termos de crescimento per capita há a salientar que, pela primeira vez, há uma evolução positiva. Estimamos que, se o governo cumprir as suas obrigações, não teremos quaisquer dúvidas em relação às perspectivas do país", sustentou.

Para tal, acrescentou, terá de se "manter" o quadro político de estabilidade, "acelerar" as reformas na Função Pública e nas Forças Armadas e "aprovar" no Parlamento o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2006, que terá de ser "devidamente executado".

"Estamos optimistas após a reunião com o presidente. Disse-nos que há um empenho firme do governo em acelerar as reformas. Hoje verificámos o avanço da execução dos processos de reforma e, em Setembro próximo, noutra missão de avaliação, saberemos verdadeiramente se esse empenho se traduziu em actos concretos", sustentou.

Segundo Ousmane Dorée, a partir daí, poderá então começar a pensar-se na realização, "talvez em Outubro ou Novembro deste ano", da Mesa redonda com os doadores, prevista inicialmente para Outubro de 2004 e que tem sido sucessivamente adiada desde então devido às cíclicas crises políticas e militares no país.

Questionado pela agência Lusa sobre se o governo não cumprir os requisitos, Ousmane Dorée manifestou-se convicto de que esse cenário não acontecerá, justificando que, com a normalização política em curso, "resta somente esperar" por resultados.

"Esperamos que as reformas fiquem concluídas e que haja colaboração entre os políticos e um Parlamento que funcione devidamente. Penso que, a partir de 2007, a Guiné-Bissau pode tornar- se um país normal e que vai relançar-se no quadro de um desenvolvimento durável, permitindo reduzir a pobreza", sustentou.

Desde Maio último que o FMI está a negociar com as autoridades guineenses um "Programa de Referência" de seis meses, destinado a estabilizar a situação macroeconómica do país, projecto que, segundo Ousmane Dorée, deverá ser apresentado ao Conselho de Administração do Fundo na próxima semana.

"Obtive do presidente a garantia de um empenho político do governo em concretizar as reformas e é isso que nos vai permitir apresentar o programa ao Conselho de Administração do FMI, talvez na próxima semana, sendo possível que, em meados de Julho, o programa de referência esteja concluído", afirmou.

Segundo Ousmane Dorée, sendo um "Programa de Referência", não se pode falar de montantes, mas sim tomar medidas para estabilizar a economia para, depois, se partir para um "Programa Pós-Conflito", cujas prioridades serão, então, definidas.

"Assim que esse segundo programa terminar, haverá uma terceira fase, com um "Programa de Redução da Pobreza e de Crescimento Económico", que pode ser suportado pelo FMI "mas em função daquilo que a Guiné-Bissau conseguiu alcançar em termos de reformas".

"Para já, estamos concentrados no programa de estabilização macroeconómica, para que os outros doadores possam retomar o apoio financeiro à Guiné-Bissau", concluiu.



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