sexta-feira, maio 05, 2006

Número de baixas é «segredo militar», afirma CEMGFA

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 05 Mai 2006

O número de baixas no exército guineense no conflito que o opôs a uma ala de independentistas de Casamança (Senegal) é "segredo militar", afirmou hoje o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) da Guiné-Bissau.

Segundo o major-general Tagmé Na Waie, o balanço da "Operação Limpeza", que decorreu entre Março e Abril para expulsar do país uma ala rebelde do Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC), já está feito, mas os "dados concretos não podem ser divulgados".

Tagmé Na Waie falava aos jornalistas numa cerimónia de entrega às autoridades senegalesas de armamento capturado à ala rebelde de Salif Sadjo em Barraca Mandioca, norte da Guiné-Bissau e a poucos quilómetros da fronteira com o Senegal.

"Mesmo que se tenha feito esse balanço não vos posso avançar os dados concretos, porque isso é um assunto de segredo militar. Não se podem divulgar esses dados", afirmou, não comentando os dados avançados pela imprensa senegalesa, que apontam para cerca de uma centena de mortos.

Sobre Salif Sadjo, o CEMGFA guineense não descartou a possibilidade de o líder rebelde voltar a entrar na Guiné-Bissau, mas garantiu que, se o fizer, será capturado, uma vez que o exército guineense continua no terreno para proteger as populações do norte do país.

Por outro lado, afirmou que não pode dizer onde o líder rebelde se encontra, assegurando, porém, que não está em território guineense, mas sim em território senegalês.

"Concretamente, não lhe posso dizer onde ele se encontra, mas sei que no nosso território não está. Deve estar na zona de Fougny (sul do Senegal). Não sei grande coisa dele, mas deve estar entre a fronteira do Senegal, nas áreas de Ziguinchor, e a Gâmbia", referiu.

Questionado sobre se as Forças Armadas guineenses forem "convidadas" para ir além da fronteira para participar numa "operação de caça ao homem" contra Salif Sadio, o CEMGFA da Guiné-Bissau respondeu que tudo depende do executivo de Aristides Gomes.

"Isso é um assunto que diz respeito ao governo, porque é da esfera política. Mas posso dizer-vos que, se houvesse um acordo no sentido de permitir que as nossas operações se desenrolassem para além da nossa fronteira, talvez já tivéssemos capturado Salif Sadio há muito tempo", garantiu Tagmé Na Waie.

"Até aqui, as nossas forças estão no terreno, mas não podemos dizer com quantos homens, pois é segredo militar. Temos homens em Varela, Susana, Djockmundo, Três Quilómetros, Jegue, Barraca Mandioca, Ponta Roxa, além do Comando em São Domingos", todas as localidades situadas ao longo da fronteira com o Senegal", acrescentou.

Instado a comentar as declarações de Robert Sagna, presidente da Câmara de Ziguinchor, capital de Casamança, que afirmou que o MFDC não dispunha de qualquer base militar na Guiné-Bissau, Tagmé Na Waie foi contundente.

"(Robert Sagna) Falou assim porque se encontrava em Paris e se calhar nem sequer conhece o nosso território. Barraca Mandioca continua a ser território da Guiné-Bissau. Mas se ele estivesse na Guiné-Bissau seria convidado a visitar aquela zona", respondeu.

"Foi por isso que convidamos os jornalistas a irem connosco ver se Barraca Mandioca era no nosso território ou se era no território senegalês. Mas ainda não é tarde para isso. Ainda existem vestígios da presença deles em Barraca Mandioca, ainda têm lá os abrigos e outros haveres", acrescentou.

Sobre a entrega das armas, restituídas ao Adido Militar da Embaixada do Senegal em Bissau, coronel Samba Fall, o CEMGFA guineense lembrou que o armamento, constituído por armas de fabrico francês, alemão e russo, foi capturado precisamente em Barraca Mandioca.

"Foi na operação de tomada do Estado-Maior do Salif Sadio. No seu famoso Estado-Maior. Quando sentiram que já não tinham mais hipótese de combater, deitaram fogo a essas armas", sublinhou.

"Esta cerimónia simboliza os laços de cooperação e de boa vizinhança entre os nossos dois países. Não podíamos de forma alguma capturar armas nas mãos dos rebeldes, que são armas do exército do Senegal, e não as entregar ao povo senegalês", explicou.

Por seu lado, o coronel Samba Fall agradeceu o "magnífico gesto" das Forças Armadas guineenses e manifestou a esperança de que a região possa alcançar, em breve, a almejada paz, para que se possa consolidar a livre circulação de pessoas e bens.



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