sexta-feira, abril 14, 2006

Nino e Bacai Sanhá reconhecem ser urgente reconciliar guineenses

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 14 Abr 2006

O presidente guineense, "Nino" Vieira e o seu adversário nas presidenciais de Julho passado Malam Bacai Sanhá admitiram hoje ser urgente promover a reconciliação no país através do diálogo.

Os dois antigos adversários encontraram-se hoje na Presidência da República para, essencialmente, conversarem sobre a situação do país em todos os domínios e perspectivar acções tendentes à reconciliação efectiva.

Em declarações à imprensa, a saída da audiência de cerca de duas horas, Malam Bacai Sanhá disse tratar-se de um encontro entre "velhos camaradas de luta e amigos", preocupados com a actual situação do país.

"Foi um encontro de velhos camaradas de luta, amigos, preocupados, no qual passamos em revista vários aspectos da vida interna da nossa terra", disse Bacai Sanhá, naquela que foi a segunda audiência que manteve com João Bernardo "Nino" Vieira desde o embate eleitoral de Julho passado.

"Estamos condenados ao entendimento, debatemos vários aspectos, mas concordamos que a estabilidade é essencial, o que pressupõem um diálogo construtivo entre toda a gente. Todos nós temos responsabilidades com esta terra, ninguém tem mais a Guiné-Bissau que o outro", defendeu.

Candidato apoiado pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Malam Bacai Sanhá não quis admitir que a situação interna desta formação politica, marcada por profundas divisões, também foi tema de conversa com "Nino" Vieira.

"Não sou dirigente do PAIGC, sou apenas um simples militante. Não estou mandatado para falar em nome do PAIGC", respondeu Bacai Sanhá.

Fontes próximas à Bacai Sanhá admitiram à Lusa, entretanto, que a questão da reunificação do PAIGC foi um dos temas de destaque das conversas com o chefe de Estado, que vê nesta situação uma das fontes para a persistência da crise interna do país.

Segundo as mesmas fontes, "Nino" Vieira quer ver Bacai Sanhá a "chamar à razão" os actuais dirigentes do PAIGC, nomeadamente Carlos Gomes Júnior, actual presidente do partido, no sentido de devolver estabilidade às acções do Governo.

No Parlamento assiste-se a uma acesa luta politica entre duas alas do PAIGC, uma liderada por Carlos Gomes Júnior e outra por Aristides Gomes, actual primeiro- ministro, mas por intermédio do deputado Cipriano Cassamá que chefia uma bancada de parlamentares expulsos da bancada daquele partido.

"Malam Bacai Sanhá é uma figura incontornável na política guineense e no PAIGC. Um entendimento com ele é meio caminho andado para reconciliar o partido", explicou a mesma fonte, que solicitou o anonimato.

A possibilidade de Bacai Sanhá apelar aos seus partidários no seio do PAIGC no sentido de deixarem de lado as "hostilidades e animosidades" contra o Governo é o "grande objectivo" do chefe de Estado guineense, admitiu a mesma fonte.

"Por enquanto, ainda é só conversa entre dois homens do Estado, mas nunca se sabe até onde as coisas podem ir parar", explicou a mesma fonte, quando colocado perante a hipótese de, já sob rumores nos círculos do PAIGC, de se realizar um congresso extraordinário do partido.

Este seria o segundo encontro entre "Nino" Vieira e Malam Bacai Sanhá no espaço de duas semanas, já que ter-se- ão encontrado em Dacar, Senegal, a margem da festa nacional daquele país no passado dia 4 de Abril, admitiu a mesma fonte.



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