quarta-feira, abril 19, 2006

Governo pede ao líder de facção rebelde de Casamança que se renda

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 19 Abr 2006

O Governo da Guiné-Bissau apelou hoje a Salif Sadjo, líder de uma facção rebelde de Casamança, para se entregar, ameaçando "destruí-lo", juntamente com os seus "apoiantes e informadores", se não o fizer.

"Convidamos Salif Sadjo (cujo paradeiro se desconhece) e os seus seguidores no sector de São Domingos (norte da Guiné-Bissau) a entregarem-se às nossas autoridades, porque, se isso não acontecer, as nossas Forças Armadas estão dispostas a destruí-los", afirmou o secretário de Estado da Ordem Pública guineense.

Baciro Dabó, que falava aos jornalistas após uma deslocação a São Domingos, onde decorre há mais de um mês a "Operação Limpeza", garantiu que os Serviços de Informações do Estado (Secreta) estão instruídos para prosseguirem as investigações e descobrirem quem são os colaboradores de Sadjo nas localidades junto à fronteira com o Senegal.

"Destruir Salif Sadjo e não acabar com os que o apoiam era um trabalho mal acabado, porque este vai continuar a fazer mal às nossas populações. Ele que se entregue, pois está encurralado e não tem outra saída. Ele e os seus seguidores que se entreguem, porque as nossas forças armadas vão destruí-los, custe o que custar", insistiu.

Segundo Baciro Dabó, a ala de Sadjo, que se auto-proclamou presidente do Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC), em luta há mais de duas décadas pela secessão daquele território do sul do Senegal, não passa de um "bando armado".

"Esse grupo de Sadjo não pode ser considerado como alguém que reivindica algo como a independência, pois é um bando armado. Rouba os bens das nossas populações e viola as mulheres. Ouvimos a população afirmar que ele não vem até aqui, mas sabe de tudo o que se passa nestas bandas. É porque há pessoas que lhe dão informações e, por isso, têm de ser descobertas", sustentou o governante guineense.

Baciro Dabó justificou que a Guiné-Bissau tem o direito de prender Sadjo, uma vez que "agrediu o território" guineense ao atacar o quartel de São Domingos (140 quilómetros a norte de Bissau, a escassos cinco da fronteira com a província senegalesa de Casamança) e manter bases em várias localidades fronteiriças do país.

O secretário de Estado da Ordem Pública guineense saudou o trabalho do exército guineense e a normalização da situação na região de São Domingos, onde a população começou a regressar às suas casas, após as Forças Armadas terem tomado, quinta-feira passada, a base rebelde em Barraca Mandioca, a poucos metros da fronteira.

Segunda-feira, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) da Guiné-Bissau, major-general Tagmé Na Waie, visitou Barraca Mandioca, onde garantiu a libertação da povoação e a vitória do exército guineense sobre a ala radical dos independentistas.

Entretanto, em São Domingos, um porta-voz dos mais de 1.000 deslocados, Suleimane Cassamá, pediu "segurança" às autoridades e apelou às organizações não governamentais para que não discriminem as populações na distribuição da ajuda humanitária.

"Há discriminação na distribuição da ajuda humanitária. Não podemos trabalhar o campo, pois não sabemos se está ou não minado. Por isso pedimos que nos apoiem com alimentos", apelou.



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