quinta-feira, abril 20, 2006

Governo de Unidade Nacional pode ser saída, admite Bacai Sanhá

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 20 Abr 2006

A criação de um Governo de Unidade Nacional (GUN) na Guiné-Bissau pode ser "uma saída" para a crise que se vive no país, afirmou hoje Malam Bacai Sanhá, no final de uma audiência com o presidente guineense.

Segundo o principal adversário de João Bernardo "Nino" Vieira nas eleições presidenciais de Julho de 2005, a constituição de um GUN terá, porém, de ser "consequência" de um processo de reconciliação nacional, que envolverá também o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

"A reconciliação da grande família guineense passa pela reconciliação do PAIGC. O GUN poderá surgir depois como consequência. Mas o fundamental é encontrar uma forma de reconciliar o PAIGC e, consequentemente, a sociedade guineense. Mas pode ser uma saída para a situação do país", afirmou Bacai Sanhá.

No terceiro encontro com "Nino" Vieira em apenas duas semanas, o último deles na passada sexta-feira, Bacai Sanhá insistiu na necessidade de se criar um "clima de confiança", de forma a dar mostras de que a Guiné-Bissau é uma país "estável e reconciliado".

Instado pela Agência Lusa sobre se poderá servir de "ponte" entre "Nino" Vieira e o PAIGC, cujo líder, Carlos Gomes Júnior, se mantém intransigente nas divergências com o chefe de Estado guineense, Bacai Sanhá admitiu que "tem influência" no antigo partido único.

"Eu e o presidente temos influência quer de um lado quer do outro. Mas temos de dar o exemplo para que possa haver aquela reconciliação da grande família do PAIGC e da grande família do país", sublinhou, escusando-se a adiantar pormenores.

"Tem de haver entendimento entre nós. Somos os máximos responsáveis pelo último processo eleitoral. Esse entendimento tem de ser transmitido a toda a sociedade, pois estamos divididos", insistiu, sublinhando que terá, de futuro, mais encontros com o chefe de Estado guineense.

Questionado também sobre se a reconciliação passa também pela realização de um congresso extraordinário do PAIGC, Bacai Sanhá respondeu que tal compete aos órgãos do partido de Carlos Gomes Júnior e que a questão não foi abordada na reunião de hoje com "Nino" Vieira.

O silêncio da direcção do PAIGC, que continua sem reconhecer a vitória de "Nino" Vieira nas presidenciais de 2005, tem contrastado com a disponibilidade de Bacai Sanhá, candidato apoiado precisamente pelo partido de Carlos Gomes Júnior, em reunir-se com o chefe de Estado.

Poucos meses após a vitória nas presidenciais, "Nino" Vieira demitiu o governo de Carlos Gomes Júnior e criou um outro com base em personalidades dissidentes do PAIGC, entre elas o actual primeiro- ministro, Aristides Gomes, e das principais forças da oposição, o Partido da Renovação Social (PRS) e o Partido Unido Social-Democrata (PUSD).



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?