quinta-feira, abril 06, 2006

FMI condiciona Mesa Redonda à estabilidade política do país

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 06 Abr 2006

O Fundo Monetário Internacional (FMI) condiciona a realização da Mesa Redonda (MR) para captação de fundos adicionais para o relançamento da Guiné-Bissau à estabilização politica e boa gestão dos recursos financeiros postos à disposição do país.

A ideia foi defendida por uma missão do FMI que recentemente esteve na capital guineense, onde manteve várias reuniões de trabalho com as autoridades ligadas aos sectores financeiros e económico para a avaliação da actual situação macroeconómico da Guiné-Bissau.

Conjuntamente apontou-se o mês de Novembro deste ano como provável para a realização da MR que já foi agendada e adiada durante vários meses de 2005 e princípios deste ano.

Até Novembro Bissau terá que cumprir algumas metas preconizadas pela missão, nomeadamente a garantia de condições de estabilidade politica e tomada de medidas para a implementação de reformas estruturais profundas, sobretudo no sector da administração pública.

Pretende-se com este último projecto, reduzir o actual quadro de funcionários públicos de forma a diminuir até 75 por cento a massa salarial que é gasta com os servidores estatais.

Números oficiosos indicam a existência de cerca de 65 mil pessoas que auferem do erário público, entre civis e militares.

Os sucessivos governos guineenses nos últimos sete anos têm tentado, ainda sem sucesso, organizar uma MR com os principais doadores do país, na qual prevê-se captar fundos adicionais no valor global de 327 milhões de dólares norte-americanos para a implementação de um conjunto de estratégias de redução da pobreza.

Analistas da política económica guineense apontam a implementação do documento de estratégia nacional de redução da pobreza (Denarp) como a "chave mestra" para tirar a economia e o próprio país da situação de dificuldades financeiras por que passa desde há vários anos.

As recomendações do FMI estão num relatório de missão que o chefe do "dossier" da Guiné-Bissau na instituição financeira mundial, Oussmane Doré efectuou à Bissau para, juntamente com as autoridades, apreciar o desempenho que se fez no âmbito do Programa de Referencia estabelecido com as organizações de "bretton Woods" em 2005 e perspectivar o mesmo programa para o presente ano.

A Guiné-Bissau possui um Programa de Referencia com o FMI e o Banco Mundial (BM) que se baseia num plano de contabilidade e de tesouraria a cumprir pelas autoridades mediante critérios estabelecidos a luz das dificuldades económicas que o país atravessa devido as crises politicas e militares que "desvirtuaram" toda politica macroeconómica.

No âmbito do programa, no qual se pretende, basicamente, "corrigir" o rumo macroeconómico do país, a comunidade internacional coloca a disposição do tesouro guineense fundos de emergência para fazer face às dificuldades de tesouraria para suportar as chamadas despesas de soberania.

No entanto, a missão do senegalês Oussmane Doré concluiu que houve avanços na execução da política económica nos primeiros meses deste ano, com uma "pequena" retoma no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) com uma taxa de 3,5% fruto da "boa" colheita da castanha de caju (principal produto de exportação do país) e do arroz.

Também a missão de avaliação do FMI concluiu que a inflação anual foi contida situando-se em 3,4%. No entanto, assinalou que nos restantes sectores de actividades e de produção não houve avanços.

O relatório de Oussmane Doré não aponta números em relação ao nível do défice público, mas adianta que a nível do Orçamento Geral do Estado (OGE) se registou um aumento e um abaixamento de 15 para 12% nos donativos externos.

No geral, concluiu-se que a actual equipa financeira guineense, liderada pelo ministro das Finanças, Victor "Nado" Mandinga até conseguiu esforços consideráveis na administração fiscal mas as politicas de controlo da massa salarial têm sido um fracasso, assinalou o relatório de Oussmane Doré, o senegalês que substituiu o holandês Harry Snoek na condução do "dossier" da Guiné-Bissau no FMI.



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?