quarta-feira, abril 26, 2006

Fadul demite-se de conselheiro presidencial

Origem do documento: www.lusa.pt, 26 Abr 2006

Bissau, 26 Abr (Lusa) - O conselheiro pessoal do chefe de Estado da Guiné-Bissau apresentou hoje a sua demissão do cargo, disse à Agência Lusa o próprio Francisco Fadul, antigo primeiro-ministro.

Francisco Fadul, que foi nomeado por João Bernardo "Nino" Vieira a 09 de Novembro de 2005, indicou também que vai abandonar a liderança do Partido Unido Social-Democrata (PUSD), assumida em 2003, e deixar, "de vez", a vida política guineense.

Fadul justificou a decisão por causa da "desilusão" política e disse à Lusa tê-la comunicado previamente ao chefe de Estado guineense, sem adiantar pormenores.

A demissão de Fadul, que foi primeiro-ministro do Governo de Unidade Nacional (GUN, entre Fevereiro de 1999 e Fevereiro de 2000), constitui a primeira baixa entre os seis conselheiros presidenciais escolhidos por "Nino" Vieira, ao tomar posse como chefe de Estado da Guiné-Bissau, a 01 de Outubro último.

Na carta enviada a "Nino" Vieira, que pretende tornar pública "para evitar equívocos e especulações", Fadul afirma que não está em causa "o relacionamento pessoal" com o Presidente da República.

"A minha vida tornou-se incompatível com o exercício partidário que vinha desempenhando, pelo que decidi deixar o partido que dirigia (PUSD). Neste contexto, o lugar que ocupo junto der V. Exª deixa de ter sentido e seria eticamente censurável que eu o mantivesse", escreve Fadul na missiva.

Manifestando-se "sempre disponível" a "título pessoal" para qualquer solicitação pontual do presidente guineense, Fadul garante na carta que se manterão "intactas e inabaláveis" a "amizade, admiração e respeito ao herói vivo da independência nacional e pioneiro da democracia económica e política" no país.

Na missiva, o ex-conselheiro presidencial afirma que a decisão "é um momento particularmente difícil" tece rasgados elogios a "Nino" Vieira, a quem se afirma "enormemente reconhecido" pela "alta confiança" que nele depositou.

"(Pessoalmente) Tudo farei para que a vossa magistratura seja a mais brilhante e a mais positivamente marcante para a nossa Guiné (Ó). Habituei-me a considerar Vossa Excelência, apesar da sua juventude, como um verdadeiro pai e um verdadeiro 'Homem Grande' de África, com a personalidade, carácter e sabedoria com que Deus costuma marcar aqueles que coloca à frente dos seus filhos", afirma.

A decisão de Fadul foi tomada terça-feira, em Bissau, na sequência de uma reunião da direcção do PUSD, partido que conta com três membros no governo de Aristides Gomes.

A 05 e Março último, na qualidade de presidente do PUSD, Fadul pediu a substituição do ministro da Justiça, Namoano Dias, dirigente do partido, alegando que foi acusado por magistrados do Ministério Público de interferir numa decisão judicial.

Na ocasião, e na carta enviada ao primeiro-ministro Aristides Gomes, o líder do PUSD sugeriu inclusivamente a substituição do ministro pelo secretário de Estado da Reforma Administrativa, José Braima Dafé.

No entanto, e até agora, o pedido de Fadul não teve resposta.

A Agência Lusa pediu uma reacção à presidência guineense sobre a demissão de Fadul, mas ninguém se mostrou disponível para a comentar.
JSD.
Lusa/Fim



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