sábado, março 18, 2006

Rebeldes de Casamança fazem reféns quatro populações

Origem do documento: www.lusa.pt, 18 Mar 2006

São Domingos, Guiné-Bissau, 18 Mar (Lusa) - Rebeldes da região separati sta senegalesa da Casamança que travam combates com militares guineenses tomaram como reféns populações de algumas aldeias de São Domingos, norte da Guiné-Bissa u, disse hoje à Agência Lusa fonte do governo provincial.

Segundo Rui Cardoso, administrador da vila, os rebeldes não deixaram pa rtir as populações das aldeias de Bufa, Suncutoto, Nhambalan e Djacumundo, arred ores de São Domingos, quando estes tentaram abandonar as suas habitações receand o os combates.

Situada no extremo noroeste da Guiné-Bissau que dista a apenas 25 quiló metros da fronteira com o Senegal, a vila de São Domingos foi palco, na sexta-fe ira, de violentos confrontos entre as forças armadas guineenses e uma facção dos rebeldes da Casamança, alegadamente fieis ao chefe guerrilheiro Salif Sadio.

De acordo com Rui Cardoso, a principal autoridade política local, a inf ormação foi prestada por um popular de Suncutoto que escapou à vigilância dos re beldes, fugindo numa piroga.

"Segundo esse popular, que chegou a São Domingos fugindo pelo rio, os r ebeldes não deixam ninguém sair das 'tabancas' (aldeias). A situação é grave. Pe nso que querem tomar a população como escudo humano", em caso de um ataque dos m ilitares guineenses, explicou o responsável.

Na sexta-feira, o comandante das tropas guineenses estacionadas em São Domingos prometera expulsar os rebeldes da Casamança do território da Guiné-Biss au "custe o que custar".

Segundo o tenente-coronel António Indjai, comandante da zona militar no rte da Guiné-Bissau, os rebeldes estariam nas matas de São Domingos onde possuem bases a partir das quais atacam as forças armadas do Senegal e cometem exacções contra a população civil guineense.

Preocupado com a situação nas aldeias vizinhas de São Domingos, vila da qual a população civil fugiu entre quinta e sexta-feira, receando os combates, o administrador Rui Cardoso está a estudar, juntamente com o comando militar, a melhor forma de socorrer essas pessoas.

A retirada das populações através do rio é uma das possibilidades, have ndo, no entanto, falta de combustível para as embarcações. Rui Cardoso lançou ai nda um "SOS" à autoridade central, em Bissau ou mesmo aos organismos humanitário s no país.

Os estabelecimentos comerciais da vila estão quase todos encerrados. Mu itos comerciantes fugiram para localidades distantes, nomeadamente Ingoré, Cache u ou para Bissau. Outros fugiram mesmo para Ziguinchor, capital da província sen egalesa da Casamança.

Segundo Rui Cardoso, a comida começa a escassear em São Domingos e as p oucas pessoas que ainda permanecem no local pedem aos jornalistas que façam cheg ar o seu "grito de socorro" às organizações humanitárias.

Na sequência dos combates da madrugada de sexta-feira entre os militare s guineenses e os rebeldes, que de acordo com o comandante António Indjai surgiu em resposta a um ataque dos rebeldes aos seus homens, um militar guineense morr eu e pelo menos dois "casamancenses" perderam a vida.

Até às 14:00 de hoje (mesma hora em Lisboa) os corpos dos dois rebeldes ainda estavam nas imediações do quartel de São Domingos. O administrador da vila, em colaboração com a Cruz Vermelha, pretende m andar sepultá-los assim que obter autorização dos militares.

Não foi possível obter qualquer reacção junto do comando dos militares guineenses estacionados na região.
MB.
Lusa/Fim



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?