quarta-feira, março 15, 2006

Rádios comunitárias lusófonas abrem festival de rádios em Bissau

Origem do documento: www.lusa.pt, 15 Mar 2006

Representantes de sete dos oito países da comunidade lusófona abriram hoje em Bissau o primeiro encontro-festival de rádios comunitárias, previsto para durar até ao próximo dia 20 deste mês, visando a troca de experiências.

Além do Brasil, cujos representantes ainda não chegaram a Bissau, todos os países da comunidade lusófona estão presentes no encontro que decorre no anfiteatro da Escola Nacional de Educação Física e Desportos (Inefd).

Em declarações à agência Lusa, momentos após a abertura do encontro, os representantes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-leste foram unânimes em reconhecer a importância da iniciativa.

De Timor-Leste e em representação da rádio comunitária de Los Palos, Alfredo Araújo, pela primeira vez numa iniciativa do género, considerou o encontro como uma "janela" para o conhecimento da realidade timorense mas também de troca de experiência, a favor da mais nova nação da comunidade lusófona.

Já Eliseu Cardoso, da Rádio Voz de Santa Cruz, de Cabo Verde destacou os "ensinamentos" que encontros do género poderão proporcionar aos profissionais de emissoras que actuam a nível das comunidades, que regra geral, enfrentam problemas comuns apesar de estarem em países diferentes, sustentou.

João Sambo é o representante de Moçambique (Rádio Moamba) disse à Lusa que não pode dar, por enquanto, qualquer opinião sobre a iniciativa devido ao facto de ter acabado de chegar à Bissau, por se ter atrasado no trajecto entre Maputo e Joanesburgo, na Africa do Sul.

Sublinhando a gestação de iniciativa de rádios comunitárias em Angola, Fernando Manuel, considerou "louvável" o encontro de emissoras comunitárias dos países lusófonos, enaltecendo o papel que estas desempenham para a "viabilização" do processo democrático nos países africanos.

"Em Africa há um grande défice de informação. As rádios comunitárias jogam um papel crucial na formação de consciência cívica das populações rurais", afirmou, Fernando Manuel, cuja organização "luta" para a entrada em vigor, o mais breve possível, de uma legislação que autorize a criação de rádios comunitárias em Angola.

Também com o objectivo de "colher experiências para o futuro", uma vez que São Tomé e Príncipe ainda não tem rádios comunitárias, está em Bissau, Palmira Correia, que, no entanto, caracterizou a iniciativa como sendo benéfica para o fortalecimento do "espírito lusófono".

Com os olhos na troca de experiências mas sem descurar futuras acções de parcerias com outras emissoras comunitárias dos outros países da comunidade lusófona, Nelson Dias (rádio São Brás, Portugal) saudou os organizadores da iniciativa que considerou de "importante".

Para Nelson Dias "é extraordinário" o facto de estarem em Bissau profissionais de diferentes países, com as devidas experiências de cada país e cada rádio, mas que se comunicam entre si numa só língua.

"É a melhor forma de cooperação entre os povos", ressalvou o representante da rádio São Brás, de Portugal.

A Guiné-Bissau faz-se representar por 21 rádios comunitárias. Carlos Schuvartz, antigo ministro das Obras Públicas e actual director da rádio comunitária voz de Quelelé preferiu destacar a "outra faceta" desta iniciativa.

No salão do Inefd, onde decorre o encontro- festival, denominado Ondas da Cidadania, estão expostos produtos tradicionais e artesanais promovidos pelas rádios comunitárias.

Desde óleo de palma de Suzana, norte da Guiné- Bissau, passando pelo artesanato em Bambu, de Gabu, leste até o mel de Cacine, no sul, há de tudo um pouco, o que está a prender a atenção dos "hóspedes" lusófonos.

"Isso é para mostrar as pessoas que as rádios não servem apenas para fazer informação, mas também ajudam a promover o comércio, a produção de alimentos e a divulgação de produtos manufacturados a nível das tabancas 'aldeias' distantes dos grandes centros urbanos", disse Carlos Schuvartz.
MB.
Lusa/Fim



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