terça-feira, março 21, 2006

Nino em Cabo Verde

Origem do documento: www.lusa.pt, 21 Mar 2006

Cidade da Praia, 21 Mar (Lusa) - O presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira, disse hoje em Cabo Verde que a situação de conflito na fronteira norte do país com a região senegalesa de Casamança "não é um problema guineense".

O Chefe de Estado guineense, que chegou hoje à Cidade da Praia para assistir, na quarta-feira, à tomada de posse do seu homólogo cabo-verdiano, Pedro Pires, afirmou, em declarações à Agência Lusa, que não está "preocupado" e que está a acompanhar de perto o conflito, que opõe o exército da Guiné-Bissau a guerrilheiros separatistas da província do sul do Senegal.

"Nino" Vieira assegurou que as Forças Armadas guineenses "estão apenas a defender o território nacional".

A tropa guineense está, há cerca de uma semana, em conflito aberto com guerrilheiros de Salif Sadio, um dos comandantes separatistas do Movimento das Forças Democráticas de Casamança(MFDC), que há 23 anos se bate pela independência desta região setentrional do Senegal.

O exército e o governo guineenses já justificaram o conflito com o objectivo de fazer retirar os guerrilheiros da facção de Salif Sadio, do MFDC, do norte da Guiné-Bissau, na região de São Domingos, que tem, alegadamente, servido de refúgio aos homens do movimento separatista.

O presidente "Nino" Vieira referiu que, apesar de se encontrar fora do país desde o início do mês, está a "acompanhar de perto" a situação, através de contactos com o governo de Bissau.

"Este não é um problema novo, é uma questão que já tem mais de duas décadas e as Forças Armadas da Guiné-Bissau estão apenas a defender o território nacional", disse.

Sobre a sua presença em Cabo Verde, a primeira como presidente da Guiné-Bissau, apesar de ter estado à frente do país entre 1980, altura em que tomou o poder através de um golpe de Estado, e 1998, quando foi derrubado por um golpe militar dirigido pelo brigadeiro Ansumane Mané, João Bernardo Vieira disse estar "muito satisfeito".

"Nino" Vieira foi eleito há escassos meses, depois de seis anos de exílio por causa do golpe militar que se transformou em guerra civil entre 07 de Junho de 1998 e 07 de Maio de 1999, altura em que se refugiou em Portugal.

O presidente guineense considerou a sua presença em Cabo Verde uma situação normal, porque é motivada pela tomada de posse de um antigo "e amicíssimo companheiro de armas", durante a guerra colonial na Guiné.

"O presidente Pedro Pires, com quem estive em Portugal para a tomada de posse do presidente Cavaco Silva, convidou-me para estar agora aqui e eu manifestei logo o meu desejo de vir a um país onde tenho grandes amigos", explicou.

O Chefe de Estado guineense confessou ainda que tem "um sentimento muito especial" no momento em que visita Cabo Verde.

As relações entre a Cidade da Praia e Bissau sofreram um importante revés depois do golpe de "Nino" Vieira, em 1980, que marcou a separação definitiva dos dois países que, até então, mantinham laços estreitos no âmbito do projecto de unidade delineado pelo fundador do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde(PAIGC), Amílcar Cabral.
RB.
Lusa/fim



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?