sábado, março 25, 2006

Líder histórico rebeldes da Casamança pede cessação hostilidades

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 25 Mar 2006

O líder espiritual do Movimento das Forças Democráticas da Casamança (MDFC), o padre Agostin Diamacoune Senghor, pediu a cessação dos combates entre uma das alas da rebelião senegalesa e o exército guineense na região de São Domingos.

O pedido de cessação das hostilidades feito por Diamacoune Senghor consta de um comunicado, datado de 23 de Março, mas difundido hoje pela Rádio Difusão Nacional (RDN, emissora estatal) guineense, citando a imprensa senegalesa, em Dacar.

Segundo o comunicado, o líder espiritual do MFDC, enviou quinta-feira passada uma carta aos combatentes do movimento, dirigindo-se particularmente ao comandante César Badiate, a quem pede que cesse as hostilidades contra o "seu irmão" Salif Sadio, em nome dos interesses da Casamança.

Auto-proclamado chefe supremo do movimento independentista, Salif Sadio é tido, em Dacar, como um obstáculo às negociações que o Senegal pretende encetar com a rebelião para cessar as hostilidades na Casamança.

Por outro lado, as autoridades de Bissau estão a combater os homens de Sadio por estes possuírem "bases de retaguarda" no território da Guiné-Bissau, de onde partem para incursões no Senegal.

Informações que circulam em Bissau indicam que os dois comandantes militares do MDFC travam combates nas matas da Guiné-Bissau, desde há 10 dias.

César Badiate, segundo esses rumores, estaria a receber apoios logísticos das forças armadas guineenses que tentam expulsar a ala de Salif Sadio das matas do país.

De acordo com o comunicado do líder histórico do MDFC, a luta entre as duas alas traduz a "divisão" entre os "filhos de Casamança", por isso pediu que as hostilidades entre os dois chefes rebeldes cessem.

"Peço-lhe, pela graça de Deus Todo-poderoso e em nome da nossa bela Casamança, assim como de todas as etnias e religiões, para não atacar os nossos irmãos combatentes de Salif Sadio", escreveu o presidente do MFDC, dirigindo- se a César Badiate.

"A província de Casamança olha para nós e julgar- nos-á porque a última palavra compete sempre a Deus", acrescentou Diamacoune Senghor, chefe histórico dos independentistas da Casamança, mas considerado por muitos como "um prisioneiro" das autoridades de Dacar.

O padre, entretanto excomungado pelo Vaticano devido à sua participação nas lutas pela independência da província sul do Senegal, vive sob residência vigiada, na cidade de Ziguinchor, capital da Casamança, há cerca de década e meia.

O MFDC, que reclama desde Dezembro de 1982 a independência da Casamança, assinou a 30 de Dezembro de 2004 um acordo de paz com o governo senegalês.

A Lusa procurou obter a reacção das autoridades civis e militares guineenses sobre o comunicado do líder histórico do MDFC, tendo fonte do gabinete do porta-voz do governo indicado não haver por agora qualquer comentário sobre a matéria.



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