quarta-feira, março 22, 2006

Governo acusa militares e políticos de conivência com rebeldes

Origem do documento: www.notíciaslusofonas.com, 22 Mar 2006

O governo guineense denunciou hoje uma alegada "conivência" entre militares e políticos do país com os rebeldes de Casamança, Senegal, que desde há uma semana travam combates na região de São Domingos com as forças armadas de Bissau.

Em comunicado do Conselho de Ministros, o governo guineense afirma, sem citar nomes, que tem informações de que alguns militares e políticos estariam em "conivência" com os rebeldes de Casamança com o objectivo de "semear o descontentamento" nos quartéis e no país.

"O Conselho de Ministros ficou a saber da existência de elementos da classe política e alguns militares que, ligados à causa dos rebeldes, pretendem criar um clima de descontentamento ao nível dos quartéis e na sociedade", lê-se na nota.

As informações foram prestadas ao executivo pelo próprio Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), general Baptista Tagmé Na Waié, convidado a assistir à reunião do colectivo ministerial dedicada exclusivamente à situação na fronteira com o Senegal.

No entanto, o comunicado do governo de Aristides Gomes não adianta mais indicações quanto à acusação, nem sobre as medidas que pretende tomar.

Em Bissau correm insistentes rumores que dão conta de detenção de pessoas que se manifestaram contra as operações militares em São Domingos, perto da fronteira com o Senegal.

Segundo confirmou a Agência Lusa, Luís Nancassa, dirigente da União para a Mudança (UM, força da oposição) foi chamado, no domingo, à sede dos serviços de informação do Estado (a "secreta" guineense) onde alegadamente prestou declarações.

Nancassa, conhecido activista político, tinha acusado as chefias militares e o presidente João Bernardo "Nino" Vieira de terem recebido dinheiro do governo senegalês para levar a cabo as operações contra separatistas de Casamança.

Segunda-feira, em conferência de imprensa, um porta- voz do Estado-Maior do exército prometeu processar alegados "aventureiros" que estão a utilizar os órgãos de comunicação social para difamar e caluniar as Forças Armadas.

O comunicado do governo realça, por outro lado, a "pertinência" das operações "de limpeza" das supostas bases de uma facção dos rebeldes senegaleses no território guineense, indicando a sua solidariedade às forças Armadas pelos combates que travam nas matas da região de São Domingos.

O executivo referiu ainda a necessidade urgente de adquirir material bélico e fardamento militar para apoiar os "esforços" das Forças Armadas, louvando a "prontidão", "sacrifício" e "determinação" com que actuam perante a "incursão dos rebeldes no território nacional".

No comunicado lê-se ainda que as autoridades civis e militares, governo, Presidente da República e o CEMGFA têm estado em permanente contacto com as "competentes" autoridades senegalesas, desde o início das operações em São Domingos.

Anunciando "tolerância zero", o governo guineense encoraja ainda as forças Armadas a prosseguirem as operações de "limpeza até ao fim", embora lamente as perdas de vidas humanas registadas na área de conflito.

O executivo promete ainda diligências para apoiar os deslocados da área dos combates.



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