segunda-feira, março 20, 2006

Exército processa «especuladores» do conflito em Casamança

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 20 Mar 2006

O Estado-Maior das Forças Armadas guineenses vai processar judicialmente as pessoas que acusa de "especularem" sobre as razões das acções militares na fronteira com o Senegal, disse hoje o porta- voz da instituição militar.

Em conferência de imprensa, o tenente-coronel Arsénio Baldé considerou "pura especulação" as informações segundo as quais as chefias do exército guineense teriam recebido dinheiro do governo senegalês para combater os rebeldes de Casamança.

"É pura especulação, mas vamos accionar os mecanismos previstos na lei para que as pessoas que estão a fazer afirmações gratuitas e infundadas" provem em tribunal quem recebeu dinheiro das autoridades senegalesas, disse o porta-voz do Estado-Maior.

"Os aventureiros que estão a especular nos órgãos de comunicação social, falam daquilo de que não sabem. Não sabem o que se passa na fronteira", defendeu.

A intervenção dos militares da Guiné-Bissau no conflito da Casamança foi criticada num programa de rádio e alguns desses críticos terão sido chamados à sede dos Serviços de Informações (a "secreta" guineense), para serem ouvidos.

O porta-voz do Estado-Maior do exército guineense não quis confirmar a informação, limitando-se a dizer que "toda a gente ouviu as acusações feitas por certas pessoas na rádio contra a chefia das Forças Armadas guineenses".

No programa Voz do Povo, interactivo da rádio Galáxia de Pindjiguiti, (estação privada) vários participantes afirmaram que as autoridades guineenses, governo, presidente da República e chefias do exercito, teriam recebido dinheiro do Senegal para intervirem militarmente no "conflito de Casamança".

A maioria dos intervenientes no programa afirmou que os soldados guineenses estão a morrer por uma causa que não diz respeito à Guiné-Bissau.

Na conferência de imprensa, Arsénio Baldé desmentiu todas com que foi confrontado pelos jornalistas, afirmando, por exemplo, tratar-se de especulação que os rebeldes tenham tomado como reféns as populações de quatro aldeias na zona de São Domingos.

Fontes no terreno confirmaram à Agência Lusa, no sábado, que os rebeldes não deixaram partir as populações das aldeias de Nhambalan, Djacmundo, Bufa e Suncutoto, quando estas pretendiam fugir para zonas mais seguras evitando os combates.

Segundo essas fontes, os rebeldes pretendiam utilizar essas pessoas como "escudo humano" para no caso de ataques do exército guineense.

Os mesmos rebeldes terão também colocado minas terrestres em redor das quatro aldeias.

"É especulação. Não temos essas informações, mas se fôr verdade, isso prova mais uma vez a razão de ser desta nossa operação. Ninguém pode fazer refém as nossas populações ou minar os terrenos a volta das suas aldeias", observou.

O tenente-coronel afirmou, por outro lado, que a situação no terreno está sob controlo, uma vez que, frisou, a operação decorre "como foi planeada".

Arsénio Baldé sublinhou, porém, que não existe uma data exacta para a sua conclusão, isto é, durará até que os rebeldes de Casamança abandonem por completo o território guineense.

Quanto às baixas militares, admitiu que elas existem, recusando, contudo, revelar o número de mortos e feridos.

"São ossos do ofício de um militar. Desde o momento que vamos para a instrução militar, juramos a bandeira e vestimos a farda, sabemos que podemos ser atingidos por uma bala em caso de conflito armado", esclareceu, rejeitando ainda as afirmações que dão conta da existência de baixas militares em grande número, mas que estariam a ser escondidas pelo comando do exército.

"Na devida altura, quando tivermos informações precisas sobre as baixas militares, anunciaremos os números. Não estamos aqui para esconder nada", disse Arsénio Baldé.

O tenente-coronel negou, entretanto, que esteja em vista a vinda de tropas da Guiné-Conacri, com meios aéreos e homens para apoiar as forças guineenses no terreno, ao mesmo tempo que desmentiu que as operações em São Domingos foram desencadeadas até território senegalês.

"Estamos e vamos continuar a actuar apenas na nossa fronteira. Com a força devida vamos fazer tudo para expulsar quem quer que seja do nosso território e que esteja a afligir as nossas populações", prometeu o porta- voz do Estado-Maior do exército guineense, no encontro com os jornalistas para o qual estava prevista a presença do ministro da Defesa, Hélder Proença.



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