segunda-feira, dezembro 05, 2005

PAIGC escolhe Carlos Gomes Júnior para Conselho de Estado

Origem do documento: www.lusa.pt, 05 Dez 2005

Bissau, 05 Dez (Lusa) - Carlos Gomes Júnior será o representante do PAIGC no Conselho de Estado da Guiné-Bissau, mas o ex- primeiro-ministro guineense rejeitou hoje que a decisão do seu partido constitua uma afronta ao Chefe de Estado, que o demitiu do cargo.

"Não estamos aqui para afrontar ninguém. Estamos aqui para assumir as responsabilidades que o partido tem para com a nossa sociedade", afirmou à Agência Lusa o líder do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde, lembrando que o lugar no Conselho de Estado é-lhe reservado por inerência das funções que desempenha no PAIGC.

O Conselho de Estado é presidido por "Nino" Vieira e integra o presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP, Francisco Benante), o primeiro-ministro (Aristides Gomes), representantes de cada um dos partidos políticos com assento parlamentar e cinco cidadãos indigitados pelo presidente da República.

Depois de tomar posse como Presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira demitiu Carlos Gomes Júnior do cargo de primeiro-ministro alegando "crispações nas relações institucionais".

O PAIGC continua, no entanto, a considerar "inconstitucional" e "ilegal" quer a demissão do Governo, decidida por "Nino" Vieira a 28 de Outubro, quer a nomeação de Aristides Gomes, ex-primeiro vice presidente do partido suspenso desde Maio este ano, para a chefia do executivo, a 02 de Novembro.

Entretanto, o líder do PAIGC apresentou hoje ao fim da tarde o relatório de 17 meses de Governo, documento que resumiu como "mais um passo para demonstrar a transparência do executivo" que presidiu.

Com 222 páginas e intitulado "17 Meses de Governação", o relatório será distribuído a todos os militantes, parceiros da Guiné- Bissau e organismos internacionais "para que todos possam saber, com clareza e transparência", as actividades, acordos e protocolos assinados e executados pelo Governo, disse Carlos Gomes Júnior.

Segundo o ex-primeiro-ministro, ao longo desse período, o seu executivo conseguiu "endireitar" o país, facto que foi elogiado pelos parceiros internacionais, que destacaram, entre outras questões, o "bom desempenho económico e financeiro" do Governo.

"Começámos a reestruturação na Administração Pública, pagámos os salários regularmente, organizámos a reabertura dos anos lectivos, promovemos uma política social, estabilizámos o ambiente sócio- laboral, garantimos a assistência básica na saúde, alargámos o programa de combate à SIDA", sublinhou.

No âmbito económico, acrescentou, o seu executivo "estendeu" a cobertura sanitária a todo o país, "saneou" a maioria da dívida pública, "melhorou" as receitas do Estado, "fiscalizou" o controlo das despesas e assinou vários programas de cooperação, destacando o rubricado com Portugal.

"Vamos, por enquanto, para a oposição, mas com a convicção de que vamos regressar em breve ao poder", concluiu Carlos Gomes Júnior, que regressou, a 21 de Novembro último, à condição de deputado.
JSD. Lusa/fim



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