sábado, outubro 29, 2005
"Sozinho não posso resolver as crises"
Origem do documento: Diário de Notícias, Lisboa, 29 Out 2005
na Guiné-Bissau"
Em entrevista ao DN, o Presidente guineense chama a atenção para "as crises imensas" que o país atravessa e diz-se disposto a coabitar com o primeiro-ministro Gomes Júnior
por antónio nhaga
Na semana passada, na tomada de posse do novo Conselho de Estado fez um discurso no qual colocou o acento tónico na crise que o país atravessa
Foi uma chamada de atenção sobre a situação que o país está a viver. Como sabe as crises são imensas no nosso país. Há problemas de cólera, salário em atraso, não há água e luz e as infra-estruturas estão completamente degradadas.
Tem consciência que o povo da Guiné-Bissau olha agora só para si como a solução para estas crises?
Sozinho não posso resolver estas crises que o país atravessa. Tem de ser com a contribuição de todos os guineenses para fazermos realmente da nossa Guiné-Bissau um país de paz e de estabilidade.
O seu discurso na tomada de posse dos novos membros do Conselho de Estado era dirigido ao Governo?
Claro que sim. Como todos sabem existe no país uma crise governamental. O Governo perdeu a maioria que tinha no Parlamento. Por isso, chamei ao primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior para lhe perguntar qual é a solução para a saída desta crise parlamentar.
Como é que encara a sua relação com o primeiro-ministro?
Da minha parte não tenho qualquer reserva em trabalhar com o primeiro-ministro Gomes Júnior. Regressei ao país para trabalhar. Por isso, estou pronto para a coabitação com ele. Mas na base do respeito mútuo.
Acha que o Governo de Carlos Gomes Júnior não está em condições de levar até ao fim o seu mandato?
Tudo dependerá do Parlamento. Se o primeiro-ministro tiver uma maioria no Parlamento para governar poderá levar até ao fim o seu mandato.
Qual é saída para esta crise parlamentar?
É preciso que o Governo saiba trabalhar para encontrar soluções. Por exemplo, negociar.
Como é que vê a mesa redonda dos doadores que terá lugar no próximo mês?
Este é um projecto importantíssimo para a Guiné-Bissau, porque o nosso país precisa da ajuda dos doadores para poder sair da situação de crise em que se encontra neste momento. Veja, por exemplo, um caso bem recente - para o Governo poder pagar os salários na Administração Pública foi necessário pedir dinheiro emprestado. O país não pode continuar assim neste ritmo.
Qual é o objectivo da conferência da reconciliação dos guineenses que se propõe realizar no inicio de 2006?
É um projecto que pretende reunir todos os guineenses para estes poderem exteriorizar tudo o que têm na alma para que, de uma vez, possamos todos viver em conjunto, em harmonia, em paz e em estabilidade. Aliás, esta é uma das razões do meu regresso.
na Guiné-Bissau"
Em entrevista ao DN, o Presidente guineense chama a atenção para "as crises imensas" que o país atravessa e diz-se disposto a coabitar com o primeiro-ministro Gomes Júnior
por antónio nhaga
Na semana passada, na tomada de posse do novo Conselho de Estado fez um discurso no qual colocou o acento tónico na crise que o país atravessa
Foi uma chamada de atenção sobre a situação que o país está a viver. Como sabe as crises são imensas no nosso país. Há problemas de cólera, salário em atraso, não há água e luz e as infra-estruturas estão completamente degradadas.
Tem consciência que o povo da Guiné-Bissau olha agora só para si como a solução para estas crises?
Sozinho não posso resolver estas crises que o país atravessa. Tem de ser com a contribuição de todos os guineenses para fazermos realmente da nossa Guiné-Bissau um país de paz e de estabilidade.
O seu discurso na tomada de posse dos novos membros do Conselho de Estado era dirigido ao Governo?
Claro que sim. Como todos sabem existe no país uma crise governamental. O Governo perdeu a maioria que tinha no Parlamento. Por isso, chamei ao primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior para lhe perguntar qual é a solução para a saída desta crise parlamentar.
Como é que encara a sua relação com o primeiro-ministro?
Da minha parte não tenho qualquer reserva em trabalhar com o primeiro-ministro Gomes Júnior. Regressei ao país para trabalhar. Por isso, estou pronto para a coabitação com ele. Mas na base do respeito mútuo.
Acha que o Governo de Carlos Gomes Júnior não está em condições de levar até ao fim o seu mandato?
Tudo dependerá do Parlamento. Se o primeiro-ministro tiver uma maioria no Parlamento para governar poderá levar até ao fim o seu mandato.
Qual é saída para esta crise parlamentar?
É preciso que o Governo saiba trabalhar para encontrar soluções. Por exemplo, negociar.
Como é que vê a mesa redonda dos doadores que terá lugar no próximo mês?
Este é um projecto importantíssimo para a Guiné-Bissau, porque o nosso país precisa da ajuda dos doadores para poder sair da situação de crise em que se encontra neste momento. Veja, por exemplo, um caso bem recente - para o Governo poder pagar os salários na Administração Pública foi necessário pedir dinheiro emprestado. O país não pode continuar assim neste ritmo.
Qual é o objectivo da conferência da reconciliação dos guineenses que se propõe realizar no inicio de 2006?
É um projecto que pretende reunir todos os guineenses para estes poderem exteriorizar tudo o que têm na alma para que, de uma vez, possamos todos viver em conjunto, em harmonia, em paz e em estabilidade. Aliás, esta é uma das razões do meu regresso.