terça-feira, outubro 25, 2005

PM pede votação de moção de confiança no parlamento

Origem do documento: www.lusa.pt, 25 Out 2005

Bissau, 25 Out (Lusa) - O primeiro-ministro guineense apresentou hoje ao presidente do parlamento um requerimento a solicitar a votação de uma moção de confiança ao governo na próxima sessão ordinária da Assembleia Nacional Popular, prevista para Novembro.

No final de um breve encontro com Francisco Benante, Carlos Gomes Júnior disse aos jornalistas que face a todas as críticas e contestações "fúteis" sentiu-se obrigado a tomar esta decisão, uma vez que "não faz sentido" ir para uma reunião de doadores quando a sua liderança é posta em causa internamente.

O chefe do governo guineense referia-se à mesa redonda de doadores para a Guiné-Bissau, prevista para o início de Dezembro, em Bruxelas.

"Não faz sentido estar a pedir dinheiro aos doadores quando, na minha própria casa, o governo está a ser posto em causa", afirmou Carlos Gomes Júnior, antes de seguir para a reunião do Conselho de Estado, que hoje se realiza na presidência guineense, convocada pelo chefe de Estado, João Bernardo "Nino" Vieira.

O requerimento de Carlos Gomes Júnior, que será analisado e votado paralelamente à discussão do Orçamento Geral do Estado para 2006, cuja sessão está ainda por marcar, vem pôr fim a uma polémica entre governo e oposição, em que esta desafiou o executivo a apresentar uma moção de confiança, ameaçando ao mesmo tempo com uma de censura.

Nas declarações aos jornalistas, Carlos Gomes Júnior, que é também líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), afirmou estar "convicto" de que a moção sairá vencedora, garantindo que detém a maioria no parlamento de 100 deputados e que a sua governação sairá reforçada.

Questionado pela Agência Lusa sobre a eventualidade da moção ser derrotada, o primeiro-ministro afirmou que não está "agarrado" ao poder e que, como tal, regressará ao parlamento, cabendo ao partido tomar uma decisão quanto a um outro nome para chefiar o Governo.

"Ninguém pode esquecer-se que eu e outros cinco membros do Governo fomos eleitos deputados e não estamos no parlamento. Se voltarmos ao parlamento, seis (dos 14 deputados dissidentes) serão substituídos, uma vez que ocupam os lugares em nosso nome. Agora façam vocês as contas", declarou.

Carlos Gomes Júnior lembrou que todos os parceiros internacionais guineenses têm elogiado a sua governação, sendo prova disso o mais recente documento do Banco Mundial, que já deu um "claro voto de confiança", e a União Europeia, que anunciou hoje o desbloqueamento de oito milhões de euros para programas a nível do sistema de saúde.

"Se a comunidade internacional não estivesse connosco, não nos teria dado estas oportunidades", sublinhou o primeiro-ministro guineense, lembrando que a 30 deste mês chega a Bissau uma outra missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a assinatura de um programa económico pós-conflito.

Na qualidade de presidente do PAIGC, Gomes Júnior indicou que o V Congresso Extraordinário do partido, que decorrerá em Bissau de sexta-feira a domingo, deverá realizar-se na data prevista, tudo dependendo ainda de uma reunião que irá manter hoje com o presidente da comissão preparatória, Manuel Saturnino Costa.

O congresso, não electivo, têm como pano de fundo a expulsão do partido dos militantes suspensos em Maio último, na sequência da alegada violação das orientações e estatutos ao apoiarem um candidato diferente do apresentado pelo partido às presidenciais de Junho e Julho últimos.
JSD.
Lusa/Fim



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