segunda-feira, outubro 31, 2005

FMI adia negociações sobre programa de assistência financeira

Origem do documento: www.lusa.pt, 31 Out 2005

Bissau, 31 Out (Lusa) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) adiou "sine die" as negociações com vista à assinatura de um Programa de assistência pós-conflito até que haja um interlocutor válido na Guiné-Bissau, afirmou hoje fonte daquela instituição mundial.

Segundo o director do FMI para a África Ocidental, o economista holandês Harry Snoek, a demissão do governo, decretada sexta-feira última pelo presidente guineense, João Bernardo "Nino" Vieira, apanhou a sua delegação de surpresa já em Dacar.

"Estávamos sexta-feira a caminho da Guiné-Bissau para começar as discussões para a assinatura de um programa de ajuda financeira pós- conflito e fomos informados em Dacar de que o governo tinha sido demitido e que, por isso, já não poderíamos discuti-lo", afirmou.

Nesse sentido, Harry Snoek, que falava aos jornalistas após uma audiência com "Nino" Vieira, adiantou que a delegação, de quatro membros, vai regressar a Washington e ficará a aguardar desenvolvimentos, nomeadamente pela formação de um novo executivo.

Harry Snoek, que chegou sábado a Bissau, manteve ao longo do fim-de-semana encontros informais com várias entidades, entre elas membros do anterior governo, como o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o ex-ministro das Finanças João Fadiah.

"Esses encontros destinaram-se a estudar a forma como o FMI pode ajudar no processo. Continuamos empenhados em ajudar e estou certo de que a comunidade internacional também está, pois (a demissão do governo) não é o fim do país", considerou.

"Como todos, aguardaremos a formação de um novo governo e esperamos que ele possa continuar a boa política de gestão financeira e económica que permitiu criar condições para a realização de uma mesa- redonda em breve. Se for esse o caminho da boa gestão macroeconómica, espero retomar as discussões para o programa o mais rapidamente possível", acrescentou.

Harry Snoek indicou ainda que, até ao fim do ano, o FMI vai continuar com o programa de referência na Guiné-Bissau, sublinhando ser necessário aguardar para ver como a comunidade internacional irá acolher a composição do novo executivo, bem como analisar o que propõe em termos económicos.

Quanto à mesa-redonda de doadores, prevista para 08 e 09 de Dezembro em Genebra (Suíça), disse que ela já não se realizará, tudo dependendo agora também da formação do novo governo e da forma como irá colaborar com as Nações Unidas, que a organiza.

"O conselho que eu posso dar é que o futuro governo se empenhe nas políticas financeiras e macroeconómicas. Apesar de tudo, de todos os problemas económicos, tudo se baseia em graves problemas de ordem política. É necessária estabilidade política para que o país saia desta crise. E seria bom que o país saísse rapidamente dessa crise", concluiu.
JSD Lusa/Fim



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?