sexta-feira, setembro 30, 2005

Dados biográficos

Origem do documento: www.lusa.pt, 30 Set 2005

Bissau, 30 Set (Lusa) - João Bernardo "Nino" Vieira, 66 anos, regressa sábado à Presidência da Guiné-Bissau, seis anos após ter sido afastado do poder, que exerceu durante duas décadas, tornando-se o sexto presidente em 32 anos de independência.

Odiado por uns, por ter exercido o poder com "mão de ferro" durante 18 anos, e adorado por outros, pelas regalias que concedeu aos mais próximos colaboradores, "Nino" Vieira preparou o regresso ao poder, etapa a etapa, surpreendo todos os que pensavam que ele nunca seria capaz de renascer das cinzas.

O início da caminhada começou a 07 de Abril passado, quando "Nino" Vieira, ainda com o estatuto de exilado político (em Portugal), chegou a Bissau num helicóptero, que aterrou num estádio, com uma recepção devidamente preparada.

Nas poucas palavras que pronunciou disse o que de importante havia para dizer: que voltava para se recensear e votar nas presidenciais e também para pedir perdão "a todos os que magoou no passado", garantindo ainda que já perdoara aos que lhe tinham feito mal.

Depois, pediu a suspensão do estatuto de asilo político que as autoridades portuguesas lhe tinham concedido em 1999, agradecendo em carta "a forma afável como foi recebido e tratado em Portugal".

Na mesma missiva, anunciou a decisão de se candidatar à presidência da Guiné-Bissau, justificando que o fazia "no seguimento do apelo que lhe foi dirigido por dezenas de milhares de guineenses".

Em Maio, "Nino" Vieira voltou a Bissau para apresentar a sua candidatura, que, apesar da polémica, foi aceite pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) juntamente com outras 12.

Entre os 13 concorrentes às presidenciais de 19 de Junho, ficou em segundo lugar, atrás de Malam Bacai Sanhá, o candidato apoiado pelo antigo partido de "Nino" Vieira (PAIGC, no poder), que não foi além dos 35,45 por cento dos votos, muito aquém dos 50 por cento mais um necessários para ganhar a presidência.

Na segunda volta, realizada a 24 de Julho e após uma campanha serena e sem insultos, "Nino" foi declarado vencedor, após recurso do candidato derrotado, Malam Bacai Sanhá, que insiste na recusa dos resultados validados pelo Supremo Tribunal de Justiça.

"Nino" regressa novamente à presidência guineense, mais uma vez legitimado pelas urnas, depois da vitória nas presidenciais de 1994, quando, também à segunda volta, derrotou Kumba Ialá, então líder do Partido da Renovação Social (PRS).

A vida de "Nino" Vieira, de etnia papel, general de divisão, embora na reforma desde 1994, confunde-se com os 32 de história da Guiné-Bissau, em cuja capital nasceu a 27 de Abril de 1939.

Um dos mais importantes comandantes da guerrilha do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) contra o regime colonial português, foi "Nino" Vieira quem leu a proclamação unilateral de independência, a 24 de Setembro de 1973, na qualidade de presidente da Assembleia nacional Popular (ANP) das então chamadas "Zonas Libertadas".

Já sob a presidência de Luís Cabral, o primeiro chefe de Estado guineense, "Nino" Vieira teve uma ascensão fulgurante nos sete anos que se seguiram à independência.

De líder da ANP passou a comissário principal (cargo equivalente ao de primeiro-ministro) e, a 14 de Novembro de 1980, foi um dos principais promotores do golpe militar de 14 de Novembro de 1980, que pôs fim ao regime de Luís Cabral.

Assumindo-se então como presidente da Guiné-Bissau, manteve-se no cargo quase 19 anos, tendo aderido às liberalizações económica, em 1987, e política, em 1990, e legitimado o seu poder nas urnas, em 1994, quando venceu as primeiras eleições gerais multipartidárias da História da Guiné-Bissau.

Quatro anos mais tarde, foi afastado do poder, na sequência do conflito militar de 07 de Junho, que 11 meses mais tarde, a 07 de Maio de 1999, levou "Nino" Vieira a partir para o exílio em Portugal, tendo sido substituído interinamente por Bacai Sanhá.
JSD/NV Lusa/Fim



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