quarta-feira, agosto 10, 2005

Vitória oficial de Nino Vieira

1/4. Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 10 Ago 2005

João Bernardo "Nino" Vieira venceu a segunda volta das presidenciais na Guiné-Bissau, segundo os resultados finais oficiais hoje divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Malam Bacai Sanhá, o candidato derrotado anunciou, entretanto, que não aceita os resultados, alegando fraude, e que vai recorrer para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

Os resultados finais oficiais da segunda volta das presidenciais, hoje anunciados pelo presidente da CNE, Malam Mané, são os seguintes:

RESULTADOS DAS ELEIÇÖES PRESIDENCIAIS:

- Total de eleitores inscritos: 538.472.

- Total de votantes: 422.978 (78,55%)

- Votos brancos: 5.362 (1,27%)

- Votos nulos: 4.129 (0,98%)

- Votos em protesto e em reclamação -562 (0,13%)

CANDIDATOS:

João Bernardo Vieira (independente) - 216167 (52,35%).

Malam Bacai Sanhá (apoiado pelo PAIGC) - 196.759 (47,65%).


2/4. Origem do documento: www.notíciaslusofonas.com, 10 Ago 2005

Região de Biombo desequilibrou a favor de Nino Vieira

A vitória do candidato independente João Bernardo "Nino" Vieira nas eleições presidenciais guineenses deveu-se sobretudo à expressiva votação que obteve na região de Biombo, que desfez o equilíbrio registado nas restantes oito zonas do país.

Segundo os resultados oficiais da segunda volta das presidenciais de 24 de Julho último, divulgados hoje pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), "Nino" Vieira obteve 216.167 votos (52,35 por cento), contra 196.759 do seu adversário, Malam Bacai Sanhá.

A diferença total entre os dois candidatos foi de 19.408 votos, tendo em Biombo (litoral centro), feudo da etnia papel, a que pertence "Nino" Vieira, atingido os 21.020 votos a seu favor.

Nas restantes regiões - Malam Bacai Sanhá venceu em cinco e "Nino" Vieira em quatro - a diferença mais alta registada entre ambos ocorreu na de Bolama/Bijagós, onde o próximo chefe de Estado guineense obteve 4.260 votos a mais que o seu adversário.

"Nino" Vieira obteve também vitórias nas regiões de Tombali (sul), onde angariou mais 3.046 votos do que o seu adversário, e Gabu (leste), mais 1.754 boletins.

Por seu lado, Bacai Sanhá, candidato apoiado pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e por 17 pequenas forças políticas extra-parlamentares, venceu nas regiões de Bissau, Quínara (sul), Oio (interior norte), Bafatá (leste) e Cacheu (norte).

Em Bissau obteve apenas mais 336 votos que "Nino" Vieira, número que subiu para 412 em Bafatá, 1.957 em Cacheu, 3.829 em Quínara e 4.138 em Oio, tradicional feudo balanta e fiel a Kumba Ialá, que declarou o seu apoio ao antigo presidente na segunda volta das presidenciais, após ter sido afastado da corrida na primeira.

A taxa de participação na segunda volta foi de 78,55 por cento, contra os 87,63 por cento registados na primeira, tendo-se registado, agora, menos de metade de votos brancos e nulos.

Na primeira volta, os boletins em branco ascenderam a 13.239 (2,46 por cento), enquanto na segunda foram escrutinados 5.363 (1,27 por cento).

Em relação aos boletins anulados, na segunda volta foram contados 4.129 (0,98 por cento), contra 10.516 (1,95 por cento) na primeira.

Facto inédito foi a contabilização, para o total nacional, dos votos "protestados ou reclamados", que ascenderam a 562, o que representa, na estatística da CNE, 0,13 por cento dos boletins que entraram nas urnas.


3/4. Origem do documento: www.notíciaslusofonas.com, 10 Ago 2005

«Eleição de Nino é a vitória da paz», diz o mandatário eleitoral

A eleição de "Nino" Vieira como novo presidente guineense é a vitória da paz, defendeu hoje Hélder Proença, mandatário do vencedor da segunda volta das eleições presidenciais na Guiné-Bissau.

"A eleição de +Nino+ Vieira é a vitória da paz, da estabilidade e da concórdia entre todos os guineenses, foram os atributos que ele elegeu durante toda a sua campanha eleitoral", afirmou Hélder Proença, momentos após a divulgação oficial pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) dos resultados eleitorais que consagram como vencedor João Bernardo "Nino" Vieira, com 52,35 por cento dos votos.

"Nino Vieira elegeu aquelas que são as premissas essenciais para a promoção da Guiné-Bissau com um país viável para a sua acção eleitoral e venceu com justiça", acrescentou.

O mandatário do novo chefe de Estado guineense considerou "normal" que a candidatura de Malam Bacai Sanha, candidato derrotado, tenha prometido avançar com um recurso para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), alegando a ocorrência deter ocorrido uma "fraude maciça" no escrutínio.

"É normal e assiste à candidatura de Bacai Sanhá recorrer aos procedimentos previstos na lei eleitoral.

Felizmente o bom senso começou a imperar, penso que é através da forma civilizada que se reivindica algo nunca pelo recurso à violência", frisou.

"Estamos numa República e numa era moderna os contenciosos resolvem-se em sede própria", ressalvou o mandatário do presidente eleito, sublinhando que Nino Vieira sempre defendeu o "consenso" entre todos os guineenses para a tarefa de "recuperação do défice do progresso" que a Guiné-Bissau tem neste momento.

"O general João Bernardo +Nino+ Vieira sempre defendeu que todos nós, inclusive, os seus adversários políticos são úteis para erguer o país", afirmou Hélder Proença, respondendo à uma pergunta sobre se "Nino" Vieira punha a hipótese de um dia "estender à mão" a Malam Bacai Sanhá.

Por seu turno, o representante do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, o moçambicano João Bernardo Honwana, disse que o processo "ainda não acabou" uma vez que se espera pela reacção da candidatura de Bacai Sanhá que pretende avançar para o STJ com um recurso.

"Se acontecer a interposição de um apelo da outra candidatura no Supremo Tribunal de Justiça, temos que esperar que o Supremo Tribunal se pronuncie. É mais um passo que se dá em frente no sentido de concluir definitivamente o processo de transição. Mas, este apelo acontecer o processo ainda não acabou. Vamos ver o que vai acontecer", sublinhou Bernardo Honwana.

O responsável pela UNOGBIS (gabinete das Nações Unidas para o processo de consolidação da paz na Guiné- Bissau) considerou, entretanto, que o processo eleitoral, apesar dos momentos de alguma tensão, decorreu, até aqui de uma forma satisfatória.

João Bernardo Honwana destacou o papel determinante do povo guineense que sempre demonstrou "civismo, respeito pela lei e sentido patriótico" perante o desenrolar do processo eleitoral, lembrando, contudo, que a fase mais importante para o país começa agora.

"As coisas não acabam com a eleição. O grande trabalho de reconstruir e lançar o país para a senda do desenvolvimento começa agora e é para isso que todos nós nos devemos preparar", defendeu o representante do de Kofi Annan na Guiné-Bissau.

Centenas de apoiantes de +Nino+ Vieira festejam já a vitória junto da sede da campanha do seu candidato situada em plena Praça dos Heróis Nacionais, na capital guineense.

Para hoje à tarde está prevista uma conferência de imprensa do presidente eleito numa unidade hoteleira de Bissau.

Na conferência de imprensa em que Malam Mané, presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) a anunciou os resultados das presidenciais, não esteve presente qualquer representante da campanha de Bacai Sanhá.


4/4. Origem do documento: www.notíciaslusofonas.com, 10 Ago 2005

«Eleição de Nino é vitória da mentira», afirma porta-voz de Sanhá

O porta-voz de Malam Bacai Sanhá, candidato derrotado na segunda volta das presidenciais guineenses, definiu hoje a eleição de João Bernardo "Nino" Vieira "a vitória da mentira sobre a verdade eleitoral".

Desejado Lima da Costa afirmou que os resultados hoje anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) que deram a vitória à Nino Vieira são "completamente viciados".

"A decisão da CNE em atribuir vitoria à Nino Vieira é a vitória da mentira sobre a verdade eleitoral, porque os resultados estão completamente viciados à partida", defendeu Lima da Costa.

O porta-voz de Bacai Sanha, candidato do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder) invocou um conjunto de reclamações apresentadas na CNE os quais, sublinhou, não foram "devida e legalmente" apreciadas antes da divulgação dos resultados.

Desejado Lima da Costa apontou o dedo ao presidente da CNE, Malam Mané, acusando-o de ter "furado o processo" eleitoral ao não dar seguimento e resposta às reclamações apresentadas pela directoria da campanha de Bacai Sanhá.

"Apesar de um rol de denúncias comprovadas que apresentámos, o presidente da CNE decidiu pura e simplesmente seguir em frente com o processo divulgando hoje os resultados forjados e que não correspondem a vontade popular dos guineenses", afirmou.

Lima da Costa afirmou ainda não ter dúvidas de que tudo foi "previamente montado" através de conjugação de factores internos e externos contrários aos interesses dos guineenses.

"É uma vergonha nacional o que acabou por acontecer na segunda volta deste acto eleitoral", disse Lima da Costa ao referir-se aos apoios que o agora presidente eleito obteve dos seus dois arqui-inimigos da política interna: Kumba Ialá e Francisco Fadul.

Para Desejado Lima da Costa, foram estes "surpreendentes" apoios e algumas pressões internacionais que ditaram a "eleição forjada" de "Nino" Vieira.

No entanto, o porta-voz de Bacai Sanhá prometeu para quinta-feira a apresentação de um recurso no Supremo Tribunal de Justiça (SJT).

Lima da Costa espera ver este órgão a dar razão às reclamações apresentadas junto da CNE, as quais, afirmou não obtiveram o "devido tratamento".

Sobre Nino Vieira, o porta-voz de Bacai Sanhá referiu também que o seu regresso ao país, após seis anos de exilo em Portugal, significa "o retorno ao passado negro" da Guiné-Bissau.

Entretanto, em Lisboa, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, apoiante da candidatura de Bacai Sanhá, não pode comentar os resultados anunciados em Bissau por motivos de saúde.

Segundo um familiar do primeiro-ministro guineense, que também preside ao PAIGC, Carlos Gomes Júnior encontra-se a repousar, depois de ter sido submetido a uma cirurgia dentária.



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