quinta-feira, agosto 11, 2005

Nino diz que não há condições para novas eleições legislativas

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 11 Ago 2005

«Não há condições para novas eleições», diz Nino Vieira

O presidente eleito da Guiné-Bissau afirmou hoje que não há condições para realizar novas eleições legislativas e garantiu que respeitará o governo escolhido democraticamente em Março de 2004 "desde que saiba gerir" o Estado.

Em conferência de imprensa, e na primeira vez que falou em público desde a segunda volta das eleições presidenciais de 24 de Julho último, João Bernardo "Nino" Vieira argumentou que o país precisa, primeiro, de sarar as suas feridas e, de imediato, "estancar a grave epidemia de cólera" que fustiga a Guiné-Bissau.

"Não há condições financeiras para novas eleições. Temos muitos doentes de cólera (mais de 5.000 casos e cerca de uma centena de óbitos) e a atenção e o dinheiro devem seguir primeiro nesse sentido", justificou "Nino" Vieira, respondendo à questão de uma coabitação com o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, com quem mantém graves divergências pessoais.

"Nino" Vieira, que prometeu analisar a reforma nas Forças Armadas, sublinhou que respeita a separação de poderes e que, como tal, "cada um terá de gerir bem as suas competências", assumindo que irá ser o "árbitro" das disputas e/ou crises institucionais.

Por outro lado, o presidente eleito não comentou o anunciado recurso que a candidatura de Malam Bacai Sanhá, seu adversário, vai apresentar junto do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) para contestar os resultados eleitorais, hoje anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Ladeado por Kumba Ialá e Francisco Fadul, terceiro e quarto classificados na primeira volta da corrida presidencial, "Nino" Vieira endereçou felicitações a Bacai Sanhá, considerando-o um "democrata" e um "homem de bom senso".

"A partir de hoje, não há apoiantes de +Nino+ Vieira nem de Malam Bacai Sanhá. A partir de hoje, somos todos guineenses. É o povo o verdadeiro vencedor das eleições e, por isso, apelo a todos para que ajudem e trabalhem para o desenvolvimento do nosso país", sublinhou o presidente eleito.

Considerando que a sua vitória foi "retumbante", "Nino" Vieira, que obteve 52,47 por cento dos votos, apontou como sua primeira prioridades, após tomar posse, unir todos os guineenses, através da promoção da unidade e reconciliação nacionais.

"Vamos, todos juntos, virar mais uma página do passado da História da Guiné-Bissau e olhar para a construção de um futuro melhor", exortou, dedicando a vitória eleitoral a todos os guineenses e, em particular, aos que o apoiaram, com destaque para a sua mulher, Isabel Romano Vieira, e os seus filhos.

"Nino" Vieira elogiou o "excelente trabalho" desenvolvido pela CNE e agradeceu também à comunidade internacional todo o apoio dispensado ao processo eleitoral guineense e à normalização política do país, cujo período de transição, iniciado em Setembro de 2003, terminará oficialmente com a sua tomada de posse.

A este propósito, Hélder Proença, mandatário da directoria de campanha de "Nino" Vieira, disse que uma das datas pensadas para a tomada de posse poderá ser a de 24 de Setembro, dia em que, há 32 anos, a Guiné-Bissau proclamou unilateralmente a sua independência de Portugal.

No entanto, adiantou, nada está ainda definido e tudo depende do protocolo de Estado, uma vez que serão convidadas várias personalidades internacionais para a tomada de posse de "Nino" Vieira como chefe de Estado da Guiné-Bissau, cargo que ocupou entre 1980 e 1999.



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