sexta-feira, agosto 19, 2005

Guiné-Bissau: aspectos da vida de um povo (13/15)

por Eva Kipp, 1994

O KUSSUNDÉ

O Kussundé é uma dança tradicional de algumas etnias animistas. Na etnia Papel, por exemplo, o mês de Maio, coincidindo com o fim da época do cajú, é a altura do ano escolhida para o Kussundé.

Meses antes, os intervenientes começam a ensaiar as danças, pois a sua apresentação faz-se num concurso em que são atribuídos prémios.


À esquerda: raparigas do grupo Ngwai executando a sua dança. À direita: dançarina na festa do Kussundé.

A base da organização dos grupos é a idade, mas só podem participar os rapazes que ainda não tenham feito o fanado (iniciação). Cada grupo, sob a orientação de um chefe, vai procurar surpreender todos com inovações na música, no trajo e na coreografia.

No dia do concurso, no centro do terreiro são colocados os presentes a atribuir aos melhores, tendo ao lado um recipiente com água para matar a sede aos dançarinos. Os grupos começam a sua apresentação por uma ordem etária, sendo os mais novos os primeiros.


À esquerda: rapaz tocando flauta. À direita: dançarina do grupo Ngwai na festa do Kussundé.


Kussundé: o fim da festa.

Começam a surgir os trajos mais extravagantes, nomeadamente crianças besuntadas de lodo e exibindo barbas postiças imitando os velhos. Nos grupos que se vão sucedendo, destacam-se os melhores dançarinos ou dançarinas e os melhores cantores. Há um jovem que se destaca pelo uso de um chifre de vaca do qual consegue extrair sons musicais.

Mas são os últimos grupos, de idade mais avançada - as Ngwai nas raparigas e os Nunkuman nos rapazes -, que apresentam os melhores espectáculos. Elas, com trajas feitos de palha e ornamentadas com espelhos, e eles, exímios tocadores e dançarinos, surpreendem os que assistem e acabam por ganhar os melhores prémios.

No final, os grupos dividem entre si os prémios e, quando uma parte desse prémio é dada em dinheiro, compram animais para realizar uma festa do grupo.



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