sábado, agosto 20, 2005

Guiné-Bissau: aspectos da vida de um povo (12/15)

por Eva Kipp, 1994

O FANADO (CIRCUNCISÃO)

O fanado é comum a todas as etnias da Guiné-Bissau, mas os rituais variam de umas para as outras.

Nhinte é uma tabanca balanta e, por ter sido um ano de boa colheita, os «homens grandes» decidiram a realização de um fanado. O último tinha sido realizado há já nove anos atrás.


Rapaz vai ao fanado.


Participante do concurso.


A pantomina.

Antigamente, os intervalos entre dois fanados não eram tão grandes pois os anos de abundância eram mais frequentes, dada a regularidade das chuvas. A ligação entre a produção e a realização do fanado explica-se pelo facto de o mesmo implicar um grande consumo de arroz, milho, animais e bebidas em diversas festas em que todos devem tomar parte.


A extravagância.


Grupo de apoiantes segue o concorrente.

Normalmente, é o pai quem decide enviar o filho ao fanado ou, na sua ausência, o irmão mais velho; mas por vezes são os jovens que pedem para ir, desde que o irmão mais velho já tenha ido.

Nas vésperas do início do fanado, realizam~se várias festas e uma das mais interessantes é um concurso de canto e dança entre os diversos grupos que irão participar no mesmo. Cada grupo escolhe no seu seio o melhor artista, na dança e no canto. Durante todo o dia, esses artistas exibem~se na tabanca, simultaneamente, procurando arrastar atrás de si os espectadores. Assiste-se a correrias dos artistas que procuram arrastar as pessoas interessadas na sua actuação em detrimento dos outros concorrentes.


Mulheres apoiando os homens no fanado.


Grupo de "blufos" balantas.


"Blufo" da próxima geração que vai ao fanado.

Cada um procura fazer o melhor que pode no canto e criar improvisações teatrais mais interessantes.

Ao fim da tarde, há um dos concorrentes que consegue arrastar atrás de si praticamente todos os presentes. É o grande vencedor do concurso e o mais famoso dos que irão entrar no fanado.

Nessa tarde, todos os que vão ao fanado comem a última refeição em casa, desaparecendo em seguida no mato sagrado, onde irão permanecer durante quase dois meses. O que acontece lá durante esse tempo é um segredo que nenhum deles poderá desvendar após a saída, mas sabe-se que, para além da circuncisão, eles têm de dar provas de poder passar a adulto e aprendem a nova forma de estar na sociedade no pós-fanado.

No dia em que regressam do mato sagrado, realiza-se na tabanca uma grande festa e os que regressam do fanado recebem diversos presentes dos familiares e amigos. É a partir desse dia que eles conquistam o direito de usar um barrete de cor vermelha que distingue os adultos que já foram ao fanado na sociedade balanta.

É também a partir desse dia que o grupo de «blufos» da geração seguinte, jovens que ainda não foram ao fanado, começam o longo período que os conduzirá ao próximo fanado, porta de acesso à sociedade dos adultos.



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