terça-feira, março 15, 2005

Conspiração contra chefias militares

1/4. Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 15 Mar 2005

Primeiro-ministro pede reunião Conselho Superior da Defesa

O primeiro-ministro guineense pediu hoje ao presidente da República que convoque uma reunião "urgente" do Conselho Superior da Defesa e Segurança (CSDS) para esclarecer o caso da alegada conspiração contra as chefias militares do país.

O nome de Carlos Gomes Júnior foi referido segunda- feira por um dos militares apresentados pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), general Tagmé Na Waié, à comissão parlamentar que investiga as acusações de "atentado" feitas, na semana passada, por um deputado do Partido da Renovação Social (PRS, principal força da oposição.

Em breves declarações à imprensa sem que os jornalistas pudessem colocar perguntas, o primeiro- ministro, que é também líder do PAIGC responsabilizou o PRS de ser "instigador" da situação que se vive no país nos últimos dias.

Sem se referir às diligências que tenciona desencadear sobre este caso, Carlos Gomes Júnior repudiou a iniciativa do Estado-Maior das Forças Armadas de convocar os jornalistas para a reunião que manteve com a comissão parlamentar e na qual apresentou diversos militares que, disse, foram contactados por políticos para a alegada conspiração.

Carlos Gomes Júnior considerou a situação "uma flagrante ilegalidade" uma vez que, defendeu, a audição de uma comissão de inquérito parlamentar foi transformada "num comício".

Gomes Júnior disse que compreende perfeitamente a actuação de "certas pessoas" que disse estarem desejosas de ver a Guiné-Bissau "afundar-se novamente", a começar pela sua demissão do cargo de primeiro-ministro.

"Devo dizer a essas pessoas que eu, Carlos Gomes Júnior, estou firme no meu cargo de primeiro-ministro, apesar de sentir-me profundamente indignado, pois a minha honra e dignidade foram postos em causa. Houve acusações graves feitas em directo e em público contra a minha pessoa", disse.

O chefe do executivo, que realizou um conselho de ministros extraordinário para tratar deste caso, instou, no entanto, o Procurador-Geral da República (PGR) no sentido de encetar as diligências necessárias para "repor a verdade dos factos".

Carlos Gomes Júnior responsabilizou o PRS por tudo o que se está a passar no país, tendo indicado a postura desta força política no passado sábado, aquando da chegada à Bissau de Kumba Ialá que vinha de uma viagem ao estrangeiro.

"Todos estão a ver as manobras que o PRS está a fazer mais uma vez neste país. Desconhecemos qual o estatuto do senhor Kumba Ialá. Desconhecemos que direito tem o PRS para desrespeitar a ordem imposta pelo governo, através do ministério do Interior, para fazer o aparato que fez na chegada de Kumba Ialá", frisou.

O primeiro-ministro referia-se aos desacatos registados aquando da chegada de Kumba Ialá a Bissau, quando apoiantes do ex-chefe de Estado guineense ultrapassaram à força a barreira das forças de segurança e percorreram a capital em caravanas automóveis, deixando o trânsito parado durante largas horas.

O PRS, através do seu porta-voz, Joaquim Baptista Correia, afirmou hoje que Carlos Gomes Júnior e o chefe de Estado interino, Henrique Rosa, não têm condições de se manterem no cargo que ocupam actualmente.

"Por aquilo que ouvimos dos militares, o PRS pensa que o senhor primeiro-ministro e o senhor presidente da República já não têm condições de se manterem nos seus cargos", disse Baptista Correia.

Embora os militares alegadamente contactados para levar a cabo a conspiração não tenham envolvido Henrique Rosa na suposta conjura, o nome do chefe de Estado foi referenciado pelo deputado do PRS, Biaia Na Pana, que denunciou o caso no parlamento.

2/4. Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 14 Mar 2005

Militares guineenses incriminam políticos

Tanto Henrique Rosa como Carlos Gomes Júnior estão na mira das críticas dos chefes das Forças Armadas

O chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau confirmou hoje a existência de uma conspiração contra si e outros militares, sublinhando que todos os órgãos do Estado sabiam do plano, urdido em Outubro último por membros do partido no poder. Embora os militares garantam paz e sossego, a comunidade internacional volta a temer que razão da força substitua a força da razão.


O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) guineense, general Tagmé Na Waie, falava numa reunião das altas chefias militares com os deputados da Comissão Parlamentar de Defesa e Segurança, aberta aos jornalistas, um caso inédito.

Embora clamando justiça, Tagmé Na Waie assegurou que está tudo esclarecido e que a Guiné-Bissau não vai ser mais palco de conflitos militares, pois as forças armadas vão respeitar o poder político, independentemente de quem estiver nos cargos.

A denúncia sobre a alegada conspiração contra chefias militares foi feita na passada quarta-feira no parlamento, pelo deputado Biaia na Pana do Partido da Renovação Social (PRS, maior força da oposição).

Na altura, o deputado disse ter "informações seguras" do envolvimento do presidente da República, do primeiro-ministro e de outras destacadas figuras do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) numa alegada conspiração contra várias chefias militares.

Entre os visados, além do próprio CEMGFA, estaria também o chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), capitão-de-mar-e-guerra José Américo Bubo Na Tchuto, e o comandante do Regimento de Pára-Comandos, tenente-coronel Aniceto Na Flak.

Um dia depois, tanto Henrique Rosa como Carlos Gomes Júnior consideraram "infundadas" e "irresponsáveis" as acusações do deputado "renovador", tendo o Comité Militar, órgão consultivo do Chefe de Estado que liderou o golpe de Estado de Setembro de 2003, assegurado haver "sintonia" de posições sobre o assunto.

3/4. Origem do documento: www.guine-bissau.com, 16 Mar 2005
por SABINO SANTOS LOPES

CEMGFA ACREDITA NAS DENÚNCIAS DO DEPUTADO DO PRS

As denúncias do deputado do Partido da Renovação Social (PRS) em como o Presidente da República o primeiro-ministro e algumas individualidades do país estão a preparar um plano para assassinar alguns chefes militares, foram consideradas verdadeiras pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

No encontro que manteve com os membros da Comissão Especializada para Área de Defesa e Segurança da ANP, Tagme Na Waye disse ter informações sobre o assunto desde Novembro do ano 2004. Revelou que deu conhecimento das mesmas ao Presidente da República e ao ministro da Defesa, mas até a data nenhuma dessas figuras se preocupou em procurar a verdade.

Por isso, exortou aos deputados no referido encontro no sentido de levarem esse processo até ao fim (sem esconder nada), para que o povo possa saber onde está a verdade.

O referido encontro que pelas normas devia ser a porta fechada, foi transformada num autêntico comício. Sob ordens do Chefe do Estado-maior, as pessoas (militares) que alegadamente foram contactadas para efectuar o golpe deram depoimentos, acusando certas personalidades, que outrora foram citados pelo deputado.

Ao usar de palavra (depois de todas as intervenções incluindo a dos deputados), o Chefe do Estado-Maior, prometeu que não obstante estas situações “jamais haverá guerra na Guiné-Bissau”.

“Somos libertadores do povo desde primeira hora e não devemos ser nós a transformar num monstro para este povo. Não vamos permitir que hajam novas agitações. Estamos fartos de guerra, pelo que comigo no Estado-Maior não haverá mais turbulências na Guiné-Bissau”.

Tagme Na Waye destacou nas Forças Armadas por ter um estilo rigoroso. No momento em que falava lembrou que muita gente tem dito de que não sabe ler. Diz que tais chantagens não lhe preocupam, até porque os ditos doutores nunca fizeram nada para bem do país.

Irritado com o poder político, cujos os depoimentos dos alegados contactados deixam entender que há algo por detrás, Tagme Na Waye advertiu a todos que, não é corrupto e ninguém pode corrompê-lo. “Estou aqui ao serviço do país e fui escolhido pelos militares”, sintetizou. Mais adiante, questionou a razão pela qual toda gente promete levar o deputado ao tribunal, se quando em Novembro deu informações sem que ninguém reagisse.

4/4. Origem do documento: www.guine-bissau.com, 17 Fev 2005-03-17

PRIMEIRO-MINISTRO IRRITADO COM OS MILITARES


O Primeiro-ministro da Guiné-Bissau mostrou-se bastante irritado com o comportamento dos militares depois das denúncias feitas pelo deputado do PRS, relativamente a alegada existência de um plano para assassinar o Chefe do Estado-maior General das Forças armadas. Por isso, quer a convocação da reunião do Conselho Superior da Defesa e Segurança para se definir as competências.

Depois da reunião do Executivo do passado dia 16, Carlos gomes Jr. em primeira voz, condenou o acto e advertiu que abdicará das suas funções do PM.

Segundo algumas informações, não confirmadas, nos bastidores, os próprios militantes do PAIGC, formação política da qual o chefe do Governo é presidente, é de opinião que caso se confirme a veracidade das denúncias Carlos Gomes deve renunciar de imediato as funções e demitir-se.

Para além da solicitação feita, na reunião de 15 de Março, dos membros do Governo, onde o tema de conversa foi análise da situação política vigente no país, Carlos Gomes Jr. abordou aspectos ligados no encontro havido dia 14 de Março, entre a Comissão Especializada para Área de Defesa e Segurança da Assembleia Nacional Popular e os membros do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

O PM se mostrou bastante indignado e crítico com o facto do encontro ser público, com direito de transmissão para os órgãos de Comunicação Social. Acha o mediatismo exagerado, pelo que adverte que é chegado a hora do Presidente da República convocar o Conselho de Defesa e Segurança, para se saber quem é quem nas estruturas do Estado.

Nessa sua reacção, o Primeiro-ministro disparou em todas as frentes; questionou o estatuto de Koumba Yalá; mostrou alguma indignação com certos órgãos de Comunicação Social e considerou o encontro do Estado-Maior de um meeting.

Segundo ele, o encontro entre os militares e os deputados, não passa de uma conferência de imprensa, pelo que violam gravemente os direitos consagrados da comissão parlamentar.

“Porque uma simples audição da comissão de Defesa e segurança do parlamento, para fazer inquérito de uma ou outra denúncia pública, não tinha que ser assim. Fui parlamentar, integrei comissões e sei que não se faz assim. É incompreensível, uma comissão parlamentar de inquérito que deverá fazer um trabalho sigiloso transformar-se num acto de comício”, condenou. O PM sem se fazer oposição a audições, diz que havia normas que a comissão deveria respeitar. “Sentimo-nos indignados na nossa honra e mente com tudo aquilo que aconteceu”.

Sobre o referido acto no Estado-Maior, Carlos gomes adverte que houve acusações públicas que exigem rápida intervenção do Ministério Público. “Estamos a fazer um esforço tremendo de resgatar a imagem positiva do país, uns reconhecem outros não. Ainda ontem começou-se a pagar dois meses de salário e ninguém diz isso. Algumas rádios transformaram-se em agentes de propaganda e de criação de instabilidade. Neste particular, acho que a comunicação Social tem também as suas responsabilidades”, observou. Pediu ainda aos agentes da Comunicação Social no sentido de não criarem pânico no país, porque o país está em vésperas das eleições.
Mas no entender do chefe do Governo, muito daquilo que está a acontecer no país a nível da instabilidade “são manobras do PRS”.

“Desconhecemos o estatuto de Koumba Yalá; desconhecemos os direitos que o PRS tem para desobedecer o Ministério do Interior para fazer as movimentações que fez no Sábado. Para nós, atitudes de género constituem incitamento ao ódio e ao genocídio”.

Perante estas situações, que em parte lhe deixa entender que de que há intenções de fazer-lhe abandonar o lugar, o Primeiro-ministro deixa claro o seguinte: “Como chefe do Governo estou firme. Não será fácil mover-me deste cargo. Tenho compromissos com o Povo e com a Comunidade Internacional, razão pela qual decidi renunciar à candidatura da Presidência da República”.

Conforme o PM, todo aquele que continuar a criar desordem ou prevaricação da ordem pública, será punido severamente perante a lei. “Não estamos para brincadeiras, porque não ganhamos as eleições para brincar. Temos as nossas responsabilidades e não vamos abdicar delas”.

O que aconteceu no Estado-Maior é preocupante, porque põe em causa alguns princípios do Estado. Carlos Gomes Jr. garante que vai solicitar ao Presidente da República a convocação de uma reunião do Conselho Superior de Defesa e Segurança para se “saber quem é quem”.



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