segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Histórico da luta de independência

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 26 Fev 2005

Morreu Estêvão Tavares, histórico da luta de independência

O "histórico" nacionalista, antigo combatente e professor universitário guineense Estêvão Tavares morreu terça-feira em Lisboa aos 70 anos, vítima de doença prolongada, indicou hoje à Agência Lusa fonte partidária.


Em declarações à Agência Lusa, Amine Saad, líder da União para a Mudança (UM, oposição extra-parlamentar), partido de que Estêvão Tavares era presidente da Mesa do Congresso, indicou que a Guiné- Bissau está de luto por ter perdido um "nacionalista convicto".

"Era uma pessoa extraordinária e íntegra e, por isso mesmo, acabou por morrer na miséria. Pagou a factura do seu idealismo", afirmou Amine Saad, lembrando que, na altura da colonização portuguesa, Estêvão Tavares, natural de Bissau, conheceu as prisões da então polícia política PIDE.

Estêvão Tavares participou activamente na guerra colonial (1963/74) na então província portuguesa da Guiné, tendo, contudo, abandonado o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) em meados dos anos 1960 por razões, como alegou na altura, de "intriga política".

Na ocasião, o PAIGC acusou-o de pertencer ao chamado "Grupo de Moscovo", os intelectuais do partido que, a partir de determinada altura, começaram a contestar a forma como a luta de libertação estava a ser liderada.

Por essa razão, abandonou a Guiné e foi para Dacar, juntando- se ao seu conterrâneo e amigo Benjamim Pinto Bull, outro intelectual e "histórico" guineense também recentemente falecido, onde foi professor de Letras e Literatura na universidade da capital senegalesa.

Devido ao avançado e degradado estado de saúde, Estêvão Tavares não chegou a saber da morte do seu grande amigo Benjamim Pinto Bull, ocorrida a 25 de Janeiro deste ano, pois encontrava-se internado e acabou por não recuperar de uma intervenção cirúrgica a que foi submetido.

Em 1980, com o golpe de Estado que derrubou o regime de Luís Cabral e pôs na presidência João Bernardo "Nino" Vieira, denominado localmente "Movimento Reajustador", Estêvão Tavares regressou a Bissau, com o objectivo de participar na construção de uma Guiné- Bissau livre, independente e democrática.

Em Bissau, foi ministro da Educação Nacional e membro da direcção do Banco Central da Guiné-Bissau e, com a abertura ao pluralismo político, aderiu rapidamente à Frente Democrática Social (FDS) do seu amigo Rafael Barbosa, ocupando o cargo de secretário- geral.

Em 1994, nas primeiras eleições democráticas e pluralistas no país, a FDS juntou-se à então coligação União para a Mudança, que agrupava seis pequenos partidos da oposição e que, após a votação, se fundiram numa só força política, a UM.

Em Junho de 2002, Estêvão Tavares foi eleito Presidente da Mesa do Congresso da União para a Mudança, no mesmo dia em que Amine Saad, seu amigo de sempre, foi também escolhido para a liderança do partido.



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