quarta-feira, janeiro 26, 2005

Académico e político

Origem dos documentos: www.noticiaslusofonas.com, 25 Jan 2005

Morreu o académico e político Benjamim Pinto Bull

O académico e político guineense Benjamim Pinto Bull morreu hoje no hospital Amadora-Sintra, vítima de doença prolongada, disse à Agência Lusa um familiar.

Benjamim Pinto Bull tinha 89 anos e ficou conhecido por ter liderado a coligação União dos Naturais da Guiné-Portuguesa (UNGP), um movimento contra a luta armada e a favor de uma independência da Guiné- Bissau através do diálogo.

Pinto Bull defendia uma independência progressiva da Guiné- Bissau e, neste sentido, encontrou-se várias vezes com António de Oliveira Salazar, presidente do Conselho e figura máxima do regime em Portugal até finais de 1968, para negociar um acordo que conduzisse à independência, contemplando a formação de quadros guineenses em Lisboa.

Aos sete anos, foi estudar para França e entrou para um seminário, onde completou o ensino secundário. Veio depois para outro seminário em Viana do Castelo, recebendo formação em grego e latim.

Benjamim Pinto Bull abandonou o seminário e a ideia de vir a ser padre e regressou à Guiné-Bissau, onde trabalhou nas alfândegas.

Perseguido pela polícia política, PIDE, exilou-se no Senegal e tornou-se um "protegido" do então presidente senegalês, Leopold Senghor.

Tornou-se tradutor oficial de Senghor e graças ao apoio do presidente senegalês, formou-se em filologia românica em Paris e regressou a Dacar para dar aulas.

Ainda no Senegal, apostou no ensino da língua portuguesa, primeiro ao nível do liceu, e depois no ensino superior.

A admiração que tinha por Senghor, serviu de base à sua tese de doutoramento, "Leopold Sédar Senghor e a Negritude". Escreveu ainda "Filosofia e sabedoria - O crioulo da Guiné-Bissau", publicado em 1989.

Regressou a Portugal em 1984 e deu aulas nas universidades Moderna e Lusófona nas áreas de Latim Jurídico e Literatura Africana de Expressão Portuguesa.

Morte de Pinto Bull é perda de «biblioteca universal», diz o Governo

A morte do académico e político guineense Benjamim Pinto Bull representa "perder uma biblioteca intelectual universal", pois trata-se de um homem que foi um dos impulsionadores da cultura africana, afirmou hoje o porta-voz do governo da Guiné- Bissau.

Em declarações à Agência Lusa, Filomeno Lobo de Pina indicou que a morte, hoje, de Benjamim Pinto Bull, que contava 89 anos, é a perda de uma "referência nacional", não só para a Guiné-Bissau mas também para o mundo lusófono, "de todos os quadrantes políticos".

"Todos nós, mas sobretudo a Guiné-Bissau, perdemos uma biblioteca intelectual universal. Perde-se irreparavelmente uma referência nacional", sublinhou o também ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Comunicação Social e Assuntos Parlamentares.

Lobo de Pina é o chefe de governo em funções na ausência do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, em digressão em França, Cuba e Venezuela que termina a 31 deste mês.

O funeral de Benjamim Pinto Bull, que faleceu em Lisboa vítima de doença prolongada, realiza-se quinta-feira no cemitério do Alto de São João, na capital portuguesa.

Pinto Bull era licenciado em Filologia Românica e estabeleceu-se em Portugal em 1984, leccionando nas universidades Internacional, Moderna e Lusófona nas áreas de Latim Jurídico e Literatura Africana de Expressão Portuguesa.

O académico, que teve também uma profunda ligação ao Senegal - foi tradutor oficial do antigo presidente senegalês Leopold Sédar Senghor - deixou pronta a sua autobiografia, intitulada "Memórias de um Luso-Guineense", com prefácio do também académico e político português Adriano Moreira, a publicar em breve.



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