quinta-feira, novembro 11, 2004
Empossadas as novas chefias militares
Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 11 Nov 2004
1 - Presidente quer reformas nas Forças Armadas sem humilhações e com dignidade
O presidente guineense defendeu hoje em Bissau que a inadiável reestruturação e reforma nas Forças Armadas deve ser feita "sem humilhações" e com "dignidade" para os militares mais antigos, a partir de um "conceito clarificador e orientador".
Henrique Rosa falava na cerimónia de tomada de posse nas novas chefias militares da Guiné-Bissau, nomeadas a 28 de Outubro último, em que estiveram presentes o presidente do parlamento, o primeiro- ministro, membros do governo, líderes partidários, responsáveis da sociedade civil e religiosa e corpo diplomático.
Numa longa intervenção, o chefe de Estado guineense lembrou que a reforma nas Forças Armadas significa, na prática, adequar o seu contingente, sistema de forças, infra-estruturas, isto é, "a um conceito de reestruturação claramente definido".
"É importante adoptar-se um Conceito Estratégico de Defesa Nacional, a partir do qual um Conceito Estratégico Militar será logicamente desenvolvido. Sem isso, não pode haver reforma sustentável", assegurou.
Para Henrique Rosa, a reforma terá de ser "profunda", mas sobretudo "segura", de forma a evitar que se cometam os "mesmos e graves erros do passado" e que levaram a golpes de Estado, sublevações, ao atraso no desenvolvimento do país.
"É importante prosseguir os esforços de reconciliação entre os próprios militares. É um processo que, além de prometer sarar feridas antigas e recentes, tem de reforçar a qualificação das Forças Armadas, restabelecer o perfil moral da instituição militar e enriquecer, mais ainda, um processo sustentado de reforma", frisou.
No seu entender, a sublevação militar de 06 de Outubro último, foi "mais um acidente de percurso" na busca da reconciliação nacional, consolidação da paz e da ordem democrática.
Apelando à comunidade internacional para apoiar a Guiné-Bissau nestas reformas, Henrique Rosa salientou, contudo, que cabe às autoridades guineenses e a todos os agentes políticos e militares do país "saber ajudar", mas com "inteligência, humildade e responsabilidade".
Henrique Rosa disse ter a consciência de que os guineenses desejam saber quem detém e controla o uso do armamento militar "pertencente ao povo guineense", mas, na sua intervenção, nada adiantou de concreto a este respeito, sublinhando unicamente que as garantias de segurança passam pela "inevitável" reforma.
O chefe de Estado guineense não ilibou de culpas o executivo de Carlos Gomes Júnior, empossado em Maio último, deixando críticas implícitas ao governo, sobretudo na forma como levou a cabo uma política de "exclusão", com a inerente "falta de diálogo" para a concertação política e social.
"A reconciliação nacional é um esforço de todos. O momento político que o país atravessa é politicamente delicado, a situação económica é difícil e os problemas sociais são muitos. A percepção clara das dificuldades exige de todos nós compreensão e solidariedade", afirmou.
"Mas, da parte das autoridades, espera-se uma disponibilidade reforçada para o diálogo e para a concertação. Temos de afastar de vez a via da confrontação e abandonar a lógica política de exclusão", acrescentou Henrique Rosa.
Segundo o chefe de Estado guineense, politicamente, o país continua numa "encruzilhada", pelo que todos têm de saber escolher entre discursos de apaziguamento e retóricas de confrontação.
"Temos de escolher entre gestos políticos que promovam a reconciliação nacional e atitudes inflamadas que podem provocar a escalada de tensão política, social e militar, entre a cultura de violência de paz e uma de violência", sustentou.
Para Henrique Rosa, com a tomada de posse das novas chefias militares, ficou "integralmente restabelecida a ordem hierárquica no país".
"Ganha assim suporte institucional uma cadeia de comando cujo funcionamento não admite ambiguidades nem tolera a indisciplina", afirmou o chefe de Estado guineense, sublinhando que o carácter "temporário" das nomeações foi acordado "por todas as partes".
"Todos concordámos com a necessidade de dar oportunidade aos novos eleitos (das eleições presidenciais de 2005) de fazer pleno uso dos seus poderes que a Constituição confere", defendeu Henrique Rosa, numa resposta às críticas de alguns partidos da oposição que defendem que as nomeações devem ser definitivas.
Na cerimónia, que foi antecedida por um minuto de silêncio em memória dos dois oficiais falecidos na sublevação militar de Outubro, Henrique Rosa considerou "intolerável perante a lei" e "totalmente incompatível" com o objectivo da reconciliação "tirar a vida a camaradas de armas".
"O levantamento militar pôs em perigo a paz na nossa terra, fragilizou a ordem democrática e abalou a confiança do povo nas Forças Armadas e, ao prejudicar a imagem da Guiné-Bissau no mundo, frustrou as boas expectativas da cooperação internacional", lembrou.
O chefe de Estado exortou todos os agentes do país, nomeadamente o governo, a ajudarem a promover outras reformas necessárias ao país, como nos Serviços de Informações do Estado (SIE), na Administração Pública e nos sistemas Eleitoral e Político vigentes.
"É consensual que, sem a recolha e tratamento qualificado de informações, crescem os riscos de o estado falar nas suas obrigações estratégicas de garantir a segurança interna das instituições e dos cidadãos", avisou Henrique Rosa.
O presidente guineense considerou ainda "útil" reformar também os sistemas Eleitoral e Político, mas não sem antes se avaliar se têm ajudado a consolidar a democracia na Guiné-Bissau.
Na cerimónia tomaram posse o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), major-general Baptista Tagmé Na Wai, os chefes dos três ramos das Forças Armadas, os brigadeiros generais Armando Gomes (Exército) e António Gomes (Força Aérea) e o capitão-de- mar-e-guerra José Américo Bubo Na Tchuto (Marinha), e o novo Inspector- Geral das Forças Armadas, coronel Mário Sousa Delgado.
1 - Presidente quer reformas nas Forças Armadas sem humilhações e com dignidade
O presidente guineense defendeu hoje em Bissau que a inadiável reestruturação e reforma nas Forças Armadas deve ser feita "sem humilhações" e com "dignidade" para os militares mais antigos, a partir de um "conceito clarificador e orientador".
Henrique Rosa falava na cerimónia de tomada de posse nas novas chefias militares da Guiné-Bissau, nomeadas a 28 de Outubro último, em que estiveram presentes o presidente do parlamento, o primeiro- ministro, membros do governo, líderes partidários, responsáveis da sociedade civil e religiosa e corpo diplomático.
Numa longa intervenção, o chefe de Estado guineense lembrou que a reforma nas Forças Armadas significa, na prática, adequar o seu contingente, sistema de forças, infra-estruturas, isto é, "a um conceito de reestruturação claramente definido".
"É importante adoptar-se um Conceito Estratégico de Defesa Nacional, a partir do qual um Conceito Estratégico Militar será logicamente desenvolvido. Sem isso, não pode haver reforma sustentável", assegurou.
Para Henrique Rosa, a reforma terá de ser "profunda", mas sobretudo "segura", de forma a evitar que se cometam os "mesmos e graves erros do passado" e que levaram a golpes de Estado, sublevações, ao atraso no desenvolvimento do país.
"É importante prosseguir os esforços de reconciliação entre os próprios militares. É um processo que, além de prometer sarar feridas antigas e recentes, tem de reforçar a qualificação das Forças Armadas, restabelecer o perfil moral da instituição militar e enriquecer, mais ainda, um processo sustentado de reforma", frisou.
No seu entender, a sublevação militar de 06 de Outubro último, foi "mais um acidente de percurso" na busca da reconciliação nacional, consolidação da paz e da ordem democrática.
Apelando à comunidade internacional para apoiar a Guiné-Bissau nestas reformas, Henrique Rosa salientou, contudo, que cabe às autoridades guineenses e a todos os agentes políticos e militares do país "saber ajudar", mas com "inteligência, humildade e responsabilidade".
Henrique Rosa disse ter a consciência de que os guineenses desejam saber quem detém e controla o uso do armamento militar "pertencente ao povo guineense", mas, na sua intervenção, nada adiantou de concreto a este respeito, sublinhando unicamente que as garantias de segurança passam pela "inevitável" reforma.
O chefe de Estado guineense não ilibou de culpas o executivo de Carlos Gomes Júnior, empossado em Maio último, deixando críticas implícitas ao governo, sobretudo na forma como levou a cabo uma política de "exclusão", com a inerente "falta de diálogo" para a concertação política e social.
"A reconciliação nacional é um esforço de todos. O momento político que o país atravessa é politicamente delicado, a situação económica é difícil e os problemas sociais são muitos. A percepção clara das dificuldades exige de todos nós compreensão e solidariedade", afirmou.
"Mas, da parte das autoridades, espera-se uma disponibilidade reforçada para o diálogo e para a concertação. Temos de afastar de vez a via da confrontação e abandonar a lógica política de exclusão", acrescentou Henrique Rosa.
Segundo o chefe de Estado guineense, politicamente, o país continua numa "encruzilhada", pelo que todos têm de saber escolher entre discursos de apaziguamento e retóricas de confrontação.
"Temos de escolher entre gestos políticos que promovam a reconciliação nacional e atitudes inflamadas que podem provocar a escalada de tensão política, social e militar, entre a cultura de violência de paz e uma de violência", sustentou.
Para Henrique Rosa, com a tomada de posse das novas chefias militares, ficou "integralmente restabelecida a ordem hierárquica no país".
"Ganha assim suporte institucional uma cadeia de comando cujo funcionamento não admite ambiguidades nem tolera a indisciplina", afirmou o chefe de Estado guineense, sublinhando que o carácter "temporário" das nomeações foi acordado "por todas as partes".
"Todos concordámos com a necessidade de dar oportunidade aos novos eleitos (das eleições presidenciais de 2005) de fazer pleno uso dos seus poderes que a Constituição confere", defendeu Henrique Rosa, numa resposta às críticas de alguns partidos da oposição que defendem que as nomeações devem ser definitivas.
Na cerimónia, que foi antecedida por um minuto de silêncio em memória dos dois oficiais falecidos na sublevação militar de Outubro, Henrique Rosa considerou "intolerável perante a lei" e "totalmente incompatível" com o objectivo da reconciliação "tirar a vida a camaradas de armas".
"O levantamento militar pôs em perigo a paz na nossa terra, fragilizou a ordem democrática e abalou a confiança do povo nas Forças Armadas e, ao prejudicar a imagem da Guiné-Bissau no mundo, frustrou as boas expectativas da cooperação internacional", lembrou.
O chefe de Estado exortou todos os agentes do país, nomeadamente o governo, a ajudarem a promover outras reformas necessárias ao país, como nos Serviços de Informações do Estado (SIE), na Administração Pública e nos sistemas Eleitoral e Político vigentes.
"É consensual que, sem a recolha e tratamento qualificado de informações, crescem os riscos de o estado falar nas suas obrigações estratégicas de garantir a segurança interna das instituições e dos cidadãos", avisou Henrique Rosa.
O presidente guineense considerou ainda "útil" reformar também os sistemas Eleitoral e Político, mas não sem antes se avaliar se têm ajudado a consolidar a democracia na Guiné-Bissau.
Na cerimónia tomaram posse o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), major-general Baptista Tagmé Na Wai, os chefes dos três ramos das Forças Armadas, os brigadeiros generais Armando Gomes (Exército) e António Gomes (Força Aérea) e o capitão-de- mar-e-guerra José Américo Bubo Na Tchuto (Marinha), e o novo Inspector- Geral das Forças Armadas, coronel Mário Sousa Delgado.