quarta-feira, outubro 27, 2004

Governo mudou chefias do Ministério do Interior

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 27 Out 2004

«Militares que quiserem fazer politica dispam a farda»

O primeiro-ministro guineense aconselhou terça-feira os militares no activo que queiram fazer politica para despirem a farda e juntaram-se aos partidos, de forma a evitar novas crises político-militares na Guiné-Bissau. Carlos Gomes Júnior falava terça-feira na cerimónia de posse da nova equipa do Ministério do Interior, nomeada sábado último numa reunião extraordinária do Conselho de Ministros. "Temos de defender os nossos interesses, a nossa soberania. Os militares e os oficiais do Ministério do Interior que queiram fazer politica que dispam a farda e adiram aos partidos", avisou o chefe do executivo guineense, que falava em crioulo e constantemente de dedo em riste. "Quem quiser ficar tem de honrar a sua pátria. Que honre a sua pátria", insistiu Carlos Gomes Júnior naquela que foi a sua intervenção mais dura desde a sublevação militar de 6 deste mês, quando um grupo de jovens oficiais se amotinou e decapitou a cúpula da hierarquia castrense.

Na profunda remodelação nos principais cargos de chefia do Ministério liderado por Lássana Feidi, cuja demissão foi pedida pela oposição, mas que acabou por se manter no posto, as que mais se destacam são as relacionadas com os directores da polícia e dos serviços de informações do Estado. O governo decidiu substituir o Comissário Geral da Policia de Ordem Pública (POP), Major-General B`Tchofla Na Faf, pelo Coronel Antero João Correia, que desempenhou nos sucessivos governos do antigo presidente João Bernardo "Nino" Vieira, o cargo de Director da Segurança do Estado. Posteriormente, foi secretário de Estado da Administração Territorial e Cônsul Geral da Guiné-Bissau em Paris. Na Faf, contudo, passou para o cargo de Inspector Geral do Ministério do Interior e a sua colocação pôs termo às especulações de que seria afastado da vida militar, tendo por base as acusações de falta de coordenação entre a Policia, ministério do Interior e Forças Armadas, durante a sublevação militar. Para o recém-criado cargo de Secretário Geral do Ministério do Interior, o governo escolheu Galona Mané, antigo Governador da região de Quinara (Sul) e destacado dirigente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC, no poder). O Coronel José Fanhá, ex-secretário de Estado dos Combatentes da Liberdade da Pátria no último governo de transição, é o novo Comandante Geral das Tropas da Guarda-Fronteira. Para o estratégico cargo de Director Geral dos Serviços de Informações do Estado (SIE) foi escolhido o Major Vítor Trindade, antigo director-adjunto quando os serviços secretos guineenses foram liderados pelo corornel Domingos de Barros (2001 e 2002, abatido na sublevação deste mês), na altura do regime do ex-presidente Kumba Ialá. O Governo nomeou ainda três outros militares, todos Tenentes Coronéis, para o ministério do Interior: Serifo Sano (Director Geral da Cooperação), Carlos Cabral (Director Geral dos Serviços de Migração e Fronteiras) e Malam Djauara (Comandante Geral dos Bombeiros Humanitários). A posse dos novos membros do ministério do Interior ocorre numa altura decisiva e quando se aguarda, provavelmente, para hoje que presidente guineense, Henrique Rosa, decrete os nomes para a nova hierarquia militar das forças armadas, facto que porá termo oficialmente à crise político-militar de 6 deste mês.



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