sexta-feira, outubro 01, 2004

Campanha eleitoral, Kumba e Nino

Origem do documento: Deutsche Welle, 27 Mar 2004

A campanha eleitoral foi pouco sentida em Bissau, a capital guineense. Os políticos estiveram todos no interior do país a tentar conquistar o eleitorado. Espera-se que a partir de quinta-feira, Bissau comecará a ganhar o fulgor eleitoral. Os últimos comícios da campanha estão previstos para esta cidade. No entanto, o assunto que tem merecido comentário e tem marcado de certa forma o ambiente eleitoral em Bissau é a aparição do deposto presidente e antigo líder do Partido da Renovacao Social, Kumba Ialá, em pelo menos dois locais onde se realizaram comícios desta força política.

Ialá apareceu nas regiões de Bafatá e Gabú, segunda e terceira cidades mais importantes do país. Impedido de fazer política até 2008, Kumba Ialá nao prestou quaisquer declarações, mas fez gestos indicando a vitória do seu partido, o PRS. Pouco depois de ter sido visto, o repórter da Deutsche Welle deslocou-se a residência do deposto presidente em Bissau, tendo recebido respostas contraditórias. O primeiro agente disse que o antigo chefe de Estado tinha ido visitar um familiar e outros dois disseram que Kumba Ialá estava em casa a descansar e não podia encontrar-se com jornalistas.

A 11 deste mês, cinco dias após o início da campanha eleitoral, Kumba Ialá protagonizou um episódio caricato, ao abandonar o regime de residência vigiada a que estava sugeito desde 14 de Setembro de 2003 para afirmar que iria regressar à política. No dia seguinte, a versão oficial do Comité Militar que liderou o golpe de Estado, indicou que Kumba Ialá se aproveitou da substituição da guarda militar pela civil para abandonar a sua casa. Horas depois, o general Veríssimo Correia Seabra declarou que dera ordens para o regresso imediato de Ialá a casa, de onde não poderia sair.

No entanto, um dia depois, o General Seabra indicou aos jornalistas que o presidente deposto poderia fazer uma vida normal, mas desde que não participasse em actividades de cariz político. A situação do ex-presidente é dúbia, por isso, o representante do Secretário Geral da ONU em Bissau pediu esclarecimentos as autoridades guineenses. ”Nós somente queremos o esclarecimento da situação jurídica do senhor ex-presidente” disse. Um outro aspecto que tem marcado esta campanha é a distribuição de camisolas com imagens do antigo presidente Nino Vieira, igualmente deposto através de um golpe de Estado. São desconhecidas a proveniência destas camisolas e quem as está a distribuir. O certo é que a situação está criar mal estar no seio do seu antigo partido, o PAIGC e também no seio de alguns militares, segundo uma fonte bem posicionada.



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