segunda-feira, setembro 27, 2004

Sinais de esperança

Origem do documento: Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo
por Ascensão Lourenço

Sinais de Esperança na missão entre os Manjacos

Testemunho de missionárias Espiritanas :
As Irmãs Missionárias do Espírito Santo estão na Guiné Bissau entre os Manjacos desde 1991 quando fundaram a Comunidade em Tubebe.
Na Guiné, a missão é primeiro anúncio do Evangelho e sobretudo promoção humana da população.
Hoje as Espiritanas têm duas Comunidades ao norte do país no coração do “país manjaco”, próximo de Cacheu, extremo da Diocese de Bissau: a Comunidade de Tubebe pertencente à Missão de Caió e a Comunidade de Betenta pertencente à missão de Bajob.

A Comunidade de Tubebe:
São nove as aldeias, actualmente assistidas pelas Espiritanas. À área da missão de Caió pertencem também as Ilhas de Jeta, com cerca de 3.000 habitantes e Pecixe com mais de 30 aldeias. Toda a área da missão de Caió é habitada pelos Manjacos, com a sua cultura e línguas próprias, à excepção de uma única aldeia habitada essencialmente por Balantas que para ali emigraram por motivo de trabalho, há já algumas gerações

As necessidades básicas destes povos são várias. A base da alimentação é o arroz. Utilizam o óleo de palma mas desconhecem a importância de usar os legumes, verduras, folhagens, frutos notando-se grande carência de proteínas, ferro, etc. É um dos trabalhos de educação para a saúde: orientar para cultivarem e consumirem outros tipos de alimentos o que aceitam bem e já começam a variar a culinária do dia a dia após mais de 10 anos de trabalho, de mentalização, chegando mesmo a fazer-se hortas com eles. A horticultura é uma das áreas que faz parte do programa de formação feminina.

A religião tradicional está bem presente no dia a dia dos manjacos,. Os Irãs espíritos “maus” e “bons”) e os antepassados são intermediários a que recorrem nas mais variadas situações da vida.
Os cristãos são ainda muito poucos. Converter-se ao Evangelho e preparar-se para o baptismo é uma caminhada que demora anos num contexto em que a religião tradicional está bem enraizada. É muito abonatório que as pessoas, embora fiéis às suas tradições e com abertura lenta ao Cristianismo, sejam muito boas e acolhedoras para os missionários e missionárias, sendo mesmo de uma humanidade extraordinária.
Na área estão só os Missionários e Missionárias do Espírito Santo e no momento não há nenhum voluntário; desejamos vivamente leigos missionários para esta região.

Os serviços, as escolas, após o golpe de estado, pararam por falta de condições. Os professores da nossa área não recebiam há cerca de um ano. Nós Espiritanas, trabalhamos na formação feminina, na saúde, na catequese e na educação.
Os hospitais funcionam mas com pagamento por parte dos utentes. Quem não tem dinheiro não é atendido chegando a morrer pessoas. Outras vezes o preço é tão alto que os mais pobres nem recorrem ao hospital. A situação é preocupante.

A Guiné, enfrenta grandes desafios políticos e sociais estando numa extrema pobreza a vários níveis, como é do conhecimento de todos.
As dificuldades são inúmeras, falta quase tudo. Não há medicamentos e outros materiais para atender os doentes.
Em tudo isto é de fazer ressaltar a grande esperança depositada nos Missionários e na Igreja, pois esta é grande sinal de esperança para o povo.
Ir. Angelina Canguli (enfermeira)
A Comunidade de Betenta:
As Espiritanas abriram Comunidade em Betenta em1995 como resposta às necessidades do povo desta área. Betenta pertence à missão de Bajob e fica no centro das quinze Tabancas (aldeias )da missão.
Destas 15 aldeias apenas em 11 funcionam actualmente actividades promovidas pelos missionários.
O povo destas aldeias é também manjaco. Há porém uma Tabanca a cerca de 25 Km de Betenta onde vivem famílias do povo Felupe.
O ensino e a saúde são as necessidades básicas. Dedicam-se à cultura do arroz. Alguns são professores na escola da Auto-Gestão. ( O Estado confiou a administração da Escola à Missão) Dois ou três trabalham na área da saúde. O povo é pobre, não tem empregos e cada um luta como pode para sobreviver e se desenvolver.

Como animação da comunidade temos a formação feminina, catequese, formação de adolescentes, Jardim de infância, formação de casais, formação dos jovens e grupo de orientação vocacional.

Na instabilidade política e social em que o país vive o desenvolvimento não se vê. As escolas governamentais não funcionaram em 2002. O ano lectivo foi considerado nulo. Em 2003, quase no fim do ano, as aulas ainda não tinham iniciado. Trata-se de desafios tremendos uma vez que sem ensino não há desenvolvimento nem esperança. Diante de tudo isto o povo sofre pacificamente esperando dias melhores.

As maiores dificuldades que nós Espiritanas enfrentamos são duas:
a primeira advém da situação do país, com inúmeras dificuldades; a segunda é a aprendizagem da língua – Crioulo e Manjaco. E no caso de uma Espiritana chamada a trabalhar na Guiné natural de país não lusófono, terá de aprender três línguas de uma assentada : Português, Crioulo e Manjaco. Por tudo isto a missão torna-se exigente e algumas vezes não tão fecunda como gostaríamos, mas não impossível. Temos esperança numa retomada tão rápida quanto possível da vida e da normalidade. Precisa-se de jovens para o voluntariado e para a doação plena em família espiritana.
Ir. Elisa Cuvuca



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